Palavra: Ego
Se alguém quiser
acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser
salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a
encontrará. Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua
alma?
Mateus 16.24-26
Provavelmente as pessoas que ouviram essa
palavra de Jesus imaginaram que ele fosse apenas mais um dos rabinos que
convidavam seus discípulos exigindo lealdade e absoluta prioridade ao caminho
do discipulado. De fato, Jesus está usando uma linguagem muito parecida com a
dos rabinos de sua época, mas com certeza está falando de algo muito mais
profundo do que simplesmente ingressar numa escola rabínica e seguir um mestre
da Torá.
Aos poucos as palavras de Jesus foram
esclarecendo que seguir o seu chamado era algo muito diferente do que faziam os
meninos talmidim que seguiam seus rabinos. Cada vez mais, seguir a Jesus
implicava ingressar num caminho de morte, e mais que isso, significava vencer a
morte e voltar à vida: “Quem vive e crê em mim não morrerá eternamente”, disse
Jesus. E também: “Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá”, e “passou da
morte para a vida”. Jesus está se referindo a uma nova dimensão espiritual, sobre um novo nascimento, como falou ao fariseu Nicodemos.
Os que desejam ingressar nessa nova dimensão de existência, que o Novo Testamento chama de vida eterna, devem negar a si mesmos, morrer para si mesmos e então seguir a Jesus em seu caminho de morte e ressurreição.
Jesus é muito coerente com o que diz Gênesis a respeito do pecado do primeiro casal, Adão e Eva, que se rebelou contra Deus e afirmou seu ego acima do Eu Sou divino. O conceito de pecado original não está relacionado com mera desobediência moral. Pecado, segundo a tradição cristã, é um pretensioso grito de independência em relação ao Criador, que resulta em morte, pois Deus é a única fonte de vida. É por essa razão que o caminho de volta para Deus, isto é, a superação da morte, passa necessariamente pela negação do ego. Se o pecado é abandonar a Deus e pretender viver como se Deus não existisse, ou pretender viver sem receber vida de Deus, a reconciliação com Deus implica o caminho oposto.
Seguir a Jesus, atravessando a morte e voltando
à vida, implica rendição a Deus: “Eu não tenho forças, não tenho
autossuficiência, não sou um ser autoexistente, quero seguir a Jesus por esse
caminho de morrer, ressuscitar e experimentar a verdadeira vida. Eu quero
morrer para mim e viver para Deus”.
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Referência
do texto: KIVITZ, Ed René. Talmidim: o passo a passo de Jesus. São
Paulo: Mundo Cristão, 2012. Página 20.
Transcrição: Deivid Liberto
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