terça-feira, 25 de outubro de 2016

O Furto das Peras - Agostinho aos 16

Tua lei, Senhor, condena certamente o furto, como também o faz a lei inscrita no coração humano, que a própria iniquidade não consegue apagar. Nem mesmo um ladrão tolera ser roubado, ainda que seja rico e o outro cometa o furto obrigado pela miséria. E eu quis roubar, e o fiz, não por necessidade, mas por falta de justiça e aversão a ela por excesso de maldade. Roubei de fato coisas que já possuía em abundância e da melhor qualidade; e não para desfrutar do que roubava, mas pelo gosto de roubar, pelo pecado em si. Havia, perto da nossa vinha, uma pereira carregada de frutos nada atraentes, nem pela beleza nem pelo sabor. Certa noite, depois de prolongados divertimentos pelas praças até altas horas, como de costume, fomos, jovens malvados que éramos, sacudir a árvore para lhe roubarmos os frutos. Colhemos quantidade considerável, não para nos banquetearmos, se bem que provamos algumas, mas para jogá-las aos porcos. Nosso prazer era apenas praticar o que era proibido.


(…) Que o meu coração te diga, agora, o que procurava então, ao praticar o mal sem outro motivo que não a própria malícia. Era asquerosa e eu gostava dela… Pobre alma embrutecida, que se apartava do teu firme apoio para autodestruir-se, buscando, não algo desonesto, mas a própria desonestidade!

(…) Eu, miserável, o que foi que amei em ti, furto meu, noturno delito dos meus dezesseis anos? Não eras belo, pois eras roubo!… Sim, eram belas aquelas frutas, mas não era a elas que minha alma infeliz cobiçava, eu as possuía em abundância e melhores. Eu as colhi somente para roubar, e uma vez colhidas atirei-as fora para saciar-me apenas com a minha maldade, saboreada com alegria. Se alguma tocou meus lábios, foi o meu crime que me deu sabor.

(…) Talvez eu tenha sentido prazer em agir contra a lei pela fraude… Eis-me aqui, escravo que foge do seu senhor, à procura da escuridão. Oh, podridão! Oh, vida monstruosa! Oh, abismo da morte! Como pude achar prazer no ilícito somente por ser ilícito?… Eu, que amei o pecado por si mesmo, sem motivo?… Daquele furto que me satisfez pelo furto em si e nada mais? De fato, ele em si nada valia, e por isso me tornei ainda mais miserável!

No entanto, eu não o teria praticado, se estivesse sozinho. Lembro-me bem do meu estado de alma: sozinho não o teria feito absolutamente. Portanto, amei também no furto a companhia daqueles com quem o cometi; daí não ser verdade ter amado apenas o furto em si…

(…) Se eu tivesse na ocasião desejado de fato aqueles frutos que roubei, e com eles me tivesse regalado, poderia tê-los roubado sozinho. Poderia ter cometido a iniquidade, satisfazendo o meu desejo, sem necessidade de estimular, por outras companhias, o prurido de minha cobiça.

O fato é que não eram os frutos que me atraíam, mas a ação má que eu cometia em companhia de amigos que comigo pecavam.

(…) Era uma vontade de rir que nos acariciava o coração ao pensar que estávamos enganando os que não esperavam de nós semelhante ato e muito o detestariam. Por que eu me divertia ainda mais por não praticá-lo sozinho? Talvez porque seja mais difícil rir sozinho? Sim, é mais difícil. No entanto, acontece às vezes que rimos sozinhos, sem a presença de outros, se algo muito ridículo se apresenta aos nossos sentidos ou ao nosso pensamento. Ah! sozinho eu não teria praticado tal ação; absolutamente, não o faria!

Meu Deus, eis diante de ti a lembrança viva de minha alma. Sozinho, eu não cometeria aquele furto, no qual não me comprazia na coisa que eu roubava, mas no ato de roubar; sozinho, não me teria atraído a ideia de roubar, nem sequer teria roubado.

Oh! Amizade tão inimiga! Oh, sedução misteriosa da mente, vontade de fazer o mal por brincadeira ou diversão, gracejo, prazer de lesar os outros sem vantagem pessoal ou sede de vingança! Basta que alguém diga: “Vamos! Mãos à obra”! E temos vergonha de não ser despudorados.

(Extraído de: Confissões, Santo Agostinho, São Paulo: Editora Paulus, 1984, 446p)

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

O pequeno grão de areia

Multidão, pés calçados sob a areia no chão, ao seu lado uma vida escorraçada, envolvida em confusão, esse foi o palco da conversa, que até hoje nos chama a atenção. Ali então Ele abaixou, com um dos joelhos se apoiou e com grãos dialogou.








Os assuntos eram dos mais variados, falavam sobre as cores, universos de sabores, política e religião, situações de conflitos e também de comunhão, dos aspectos da fotossíntese, os ingredientes minerais, a variedade de animais e vegetais. Alguns assuntos, difíceis de entender, coisas simples e tão complexas, como alguém um dia poderia compreender?

Falaram sobre as arvores, suas folhas e frutos e de como se criar raízes. O ar, os ventos, a liberdade dos pássaros e a beleza de se poder voar. A conversa parecia bem, uma das partes foi muito além, coisas grandes e ocultas, o porvir, o futuro.

- Um pássaro de ferro? Indagou um pequeno grãozinho.

- Como poderia?

Assombro! Não podia acreditar.

Falaram também dos oceanos, dos grandes mares e de como são profundos. A beleza dos rios a diversidade de peixes, a diversidade das espécies, as baleias, as grandes feras, e sobre os lambaris, os pequeninos lambaris.

Aquela prosa foi bem longa, feita de pequenos instantes, mas intensas para os que se desafiaram a ouvir.

Falaram sobre o globo, afinal, todos aqueles grãos eram eternos viajantes, conheciam um pouco de tudo, passavam muito rapidamente pelos lugares, mas lhes faltavam profundidade, conheciam tudo, mas nada sabiam sobre o que conheciam, talvez por isso, construir firmes e fortes raízes, estava fora de cogitação, eram conduzidos pelo vento, tanto era o vento que só aguardavam o evento que partiriam o coração.

Pobres grãos de areia! E por esta razão, aproveitaram o momento, de profundidade e envolvimento e continuaram com a questão. Falaram então sobre o céu, ou melhor, o que havia lá. Sistema solar, lua, estrelas, poxa vida era tudo muito grande, só que de longe, bem de longe, perecia mesmo um punhado de grãos, como os que ali haviam sido soprados pelos ventos ao chão.

Lá pelas tantas, em determinado estagio da conversa um grãozinho expos uma reclamação. Dizia ele que não via motivo para existir, considerando que o vento os jogava de lá para cá, sempre viajando, sem rumo, sem motivo, sem destino, sem lugar, sem onde morar.

Desejava muito ser uma pedra, assim então, não ficaria sem rumo, sem 
destino, sem saber para onde iria, sendo pedra seria forte, pesada e dura, e não um pequeno e frágil grão, e talvez até enfrentasse aquelas grandes criaturas.

Mal sabia aquele grão, que um dia fez ele, parte da criação, ingrediente principal, da mais bela obra, vivente e racional, imagem e semelhança, coroa da criação, obra de das próprias mãos, que ali escorria sobre os grãos.

Ainda ali, com o joelho dobrado, fez saber aquele grão, o quanto era especial, com a voz carregada de amor, revelou a sua paz e o pequenino se alegrou, intensamente se alegrou e logo em seguida, o silencio transbordou.

Conversa então interrompida, Ele estende o rosto para cima, e se levanta e direciona a atenção a multidão que ali estava. Não dava para ouvir direito o que falavam. Gritaria, muita ira, pareciam enfurecidos pelo ocorrido com aquela vida que ali foi levada, ao ser denunciada, por cometer algo que a Ele seria cobrado. Muito desgosto, um sentimento oposto ao que o grão tinha sentido há pouco.

Alguns minutos se passaram e Ele se volta novamente ao chão e com o dedo novas histórias passou a contar, colocando cada um em seu lugar, revelando os defeitos, cada causa e seus efeitos e como tudo havia feito, cada coisa em seu lugar.

E em meio a tudo isso, ainda assim aquele grãozinho, insistia naquela ideia desde o início, de ser pedra e não mais pó. Queria ter seu lugar no mundo, encontrar sentido a cada segundo, enxergar em si mesmo algo maior, mesmo que o seu criador fosse alguém de mais valor, e que pudesse dar amor, à pedra, à rocha e também ao grão.

Assim como aquela vida, prestes a ser sacrificada, com pedras sobre ela a ser lançadas, outros grãos não se conformavam, com a tolice insaciável, daquele pequeno grão falho e ingrato, ao qual a pouco havia sido revelado, sua natureza e valor incalculável e diante disso nada mais deveria ser desejável.
Mas ainda ali, escrevendo no chão, com o dedo posto sob a terra, diante de uma multidão de homens, armados com ódio, ira e pedras, ele declarou:

“Quem não tem pecados, atire a primeira pedra”

Pedras lançadas ao chão, passos em outra direção, aquela vida acusada, havia sido poupada. Momento de reflexão para aquele pequeno grão. Agora dera ouvidos a todo conteúdo da conversa que haviam tido. Um passo para traz, e disse ele:

-Pedra! Não quero ser mais!

Tanto ao pequeno grão e a vida que havia sido poupada, Ele pergunta, após ninguém ter aceitado arremessar aquelas pedras, onde estavam os acusadores que os fariam ser castigados com pedras manchadas pelos mesmos erros e confusões em que haviam se envolvidos. Mas não haviam mais ali acusadores. E Ele encerra o assunto da breve e intensa conversa que parecia não ter fim:

“Nem Eu te condeno; vá e não peques mais”


E aquele pequeno grão, passou a entender, que um dia já havia sido pedra, e que como pedra, só tinha duas opções, ficar parado, sem rumo, sem destino e sem sentido, ou ser arremessado, como objeto de ataque à acusação. E tendo aquilo entendido, percebeu que como grão, poderia ir em liberdade, sem motivo e sem razão, em vez de ser objeto de culpa, morte e decepção. E que enquanto homens maus tinham em suas mãos, pedras como punição, Ele as despedaçou, em grãos a pedra transformou e trouxe ali libertação.




Texto: Adriano Liberto
Revisão: Deivid Liberto

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Não matarás

Este material tem como objetivo expor uma síntese dos capítulos 35,36 e 37 da obra de John M. Frame, intitulada “A doutrina da vida Cristã” (Link do Livro), os capítulos em questão abordam o sexto mandamento do decálogo registrado na bíblia sagrada no livro de Êxodo 20:13: “Não matarás”.


Capítulo 35

O sexto mandamento: Respeitar a vida
Considerando que o mandamento aqui analisado se refere à morte, precisamos analisar a luz das escrituras aquilo que se opõe à questão, ou seja, a vida. A vida é o elemento que condiciona a relação entre o criador e sua criação, pois Ele é o Senhor da vida, criou todas as coisas, e isso inclui os animais, as vegetações e o homem, isto posto, os inseriu na terra como “seres viventes” e ao homem lhe soprou sobre as narinas dando a ele o folego de vida e homem se torna alma vivente, isso significa que além de vida física, o homem recebe de seu criador vida espiritual.
A palavra morte resume de modo mais completo o resultado da queda de Adão, como consequência, observamos uma sequência de relatos de morte a começar pelo castigo dado ao homem: “porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.19) seguido pela morte de Abel (Gn 4.8), relatos na genealogia que procedeu de adão “e morreu” (Gn 5.1), limitação do tempo de vida humana (Gn 6.3) e termina com o diluvio quase extinguindo a vida de sobre a terra (Gn 7.23).
A infidelidade gerou a separação entre Deus e o homem e como consequência, a morte. E como a vida, a morte é física (nos elimina da face da terra) e espiritual (perdemos a comunhão com Deus), mas Deus enviou seu filho para sofrer a morte espiritual no lugar da humanidade, ao morrer, Jesus levou sobre ele os pecados que levam à morte (Rm 6.12) e ao ressuscitar, ressuscitamos com Ele em uma nova vida (Rm 6.4), e assim, ao longo de toda a trajetória bíblica Deus oferece vida, pois Ele tem prazer na vida, e o fato da morte existência da morte nos revela a seriedade do pecado e ao mesmo tempo, o fato de que em Cristo a morte seja absorvida, nos revela a bondade e misericórdia de Deus.
Com isso, entendemos que o sexto mandamento nos revela que Deus é o Senhor da vida e da morte, e não podemos cometer atos que violem a vida sem a plena autorização dele, devemos respeitar a vida como um ato de reverência e comunhão com o criador, preservar a vida é adora-lo.
O catecismo maior de Westminster, nas questões 135 e 136, trata o tema questão de forma expansiva, especificando os deveres exigidos e os pecados proibidos no sexto mandamento. O direcionamento é para que através desse mandamento Deus nos impulsiona a exercer todos os esforços em busca da preservação da vida, evitando qualquer ocasião que acarrete em tirar a vida de forma injusta, atentando para o uso moderado de alimentos, remédios, bebidas, sono, trabalho e lazer através de pensamentos caridosos, amor, sossego mental, alegria de espirito, compaixão, mansidão e outras competências geradas pelo Espirito de Deus, dessa forma, evitando o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto no caso de justiça pública, guerra legítima, ou defesa necessária; a negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a preservação da vida; a ira pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança; todas as paixões excessivas e cuidados demasiados; e
O verbo hebraico ratsakh é traduzido nesse mandamento de forma genérica como “matar”, porém, a forma mais adequada ao vocabulário português é “assassinar”. Mas cabe aqui um ponto de atenção, pois o mandamento se aplica tanto ao homicídio doloso quanto ao homicídio negligente. A bíblia relata casos em que, mesmo que o agente agressor cometa a infração sem premeditação, o mesmo é julgado pela lei (Dt 19.5), pois o verbo ratsakh é mais restrito do que “matar” e mais amplo do que “assassinar”. As aplicações das leis relacionadas ao homicídio nos tempos do Israel bíblico divergem da contemporaneidade, um exemplo simples é o fato de que em alguns casos, a pena para o assassino era determinada pela família da vítima e há casos em que o agressor teria a opção de se refugiar em uma cidade para que a não fosse punido com a morte por um vingador de sangue, não podendo sair da cidade de refúgio até que o sacerdote local morra (Nm 35.24), a analogia que podemos fazer neste caso é que o assassino deverá tomar cuidado em preservar a sua vida não cometendo o erro de sair da cidade e ser peço pelo vingador de sangue e somente terá sua liberdade decretada quando alguém (sacerdote) morrer em seu lugar. A morte mesmo que sem intenção, fere os princípios do mandamento bíblico, pois implica em ferir a relação entre criatura e criador, portanto devemos nos proteger de qualquer ameaça contra a vida, vamos nos referir a este ponto como a doutrina do cuidado, que forma uma ponte entre a lei mosaica e os ensinamentos de Jesus, que por sua vez, ressaltou a importância de não cometer ações que incitam a morte, começado pelo coração, como irar-se contra um irmão, falar mal, insultar e exorta para que não façamos ofertas ao Senhor com situações pendentes com um semelhante, antes, devemos resolver tais atritos para não pecar contra Deus (Mt.21-26). Jesus nos faz entender que qualquer ato de morte começa no coração.
A bíblia exige que tanto a pessoa ofendida, quanto a pessoa que proferiu a ofensa deve ter a preocupação e atitude de buscar solução para que não haja “brechas” (Mt 5.23-24 – 18.15-20), nenhuma das partes deve esperar o outro tomar a iniciativa. O mandamento não nos conclama a não assassinar, mas de buscar meios de preservar a vida.
Podemos concluir que a lei do “não mataras” pode ser associada a lei do “amor”, pois o amor nos condiciona a exercer a doutrina do cuidado, preservando a vida em todos os aspectos. Em 1 João 3.14 temos uma expressão que define bem esta questão: “Aquele que não ama, permanece na morte”.
O novo testamento não contradiz o antigo testamento, pois Jesus e os apóstolos aplicam seus ensinamentos fazendo diversas referencias nas leis mosaicas, salmos e nos profetas. O tema “amar os inimigos” por exemplo, é citado em ambos onde o novo testamento enfatiza o demonstrar amor para com os que são de fora da comunidade, já o antigo testamento para com os estrangeiros que moram em Israel (Lv 19.34), porém é o novo testamento que estende o mandamento do amor a todas as nações.
Outro ensinamento bíblico que corresponde ao sexto mandamento, é a ação de vingança, onde o amor aos inimigos se aplica deve ser colocado acima de qualquer desejo contrário e submeter tal ação a soberania de Deus, pois do Senhor é a vingança (Dt.32.35; Sl 94.1; 1Ts 4.6). Em Romanos 12, Paulo nos ensina a abençoar os que nos perseguem, e em Mateus 5.38-42, Jesus nos orienta a oferecer a outra face a quem nos fere no rosto.
Sobre a questão da autodefesa, a bíblia não nos deixa muitas passagens a respeito, com raros exemplos dos quais podemos citar Êxodo 22.2-3, onde o autor nos sanciona a agir em defesa própria em casos de invasões noturnas, porém não incita a permissão para vingança.
Esses ensinamentos revelam a essência do evangelho, pois devemos buscar meios de abençoar aqueles que de alguma forma incitam nos afrontar, isso pode parecer intrigante aos que que buscam nos atacar e os fazer considerar o amor de Jesus Cristo de Nazaré.

Capítulo 36

O Sexto Mandamento: Guerra e Castigo
Poderia haver contradição ao sexto Mandamento? Ou a Matança ilegítima, de acordo com a Lei, seria não autorizada?
O mandamento por si só não nos elucidará o assunto, para tanto, será necessário ir além.

Teorias De Castigo
A desobediência deve haver um certo tipo de consequência, tal como castigo para que a autoridade funcione.
A autoridade tem em seu bojo a punição e isto em todas as instituições ou formas de estruturas organizacionais que exercem a disciplina com finalidade.
A Lei bíblica tem motivos para castigo. 


Motivos para castigo
Desencorajamento - Tal como em Deuteronômio 13: 11 a medida punitiva tem objetivo o desencorajamento bem como a imolação dos animais pelos sacerdotes, servia para o mesmo fim.
Reforma - A excomunhão bíblica, de acordo com Paulo, serviria para a restauração, ou seja, a disciplina leva ao arrependimento e por fim a não danação Eterna. Da mesma forma como a vara da correção dos filhos.
Restituição - o dever de restituir o bem adquirido ou que sofreu danos em suas proporções também serve para disciplina.
Restrição - Quando não há mais possibilidade de restauração na reforma, culmina-se na restrição ou afastamento tal como acontece hoje com os que cometem crimes sexuais X vítimas ou o fim das atividades criminosas na comunidade.
Tributação - A bíblia não autoriza o lucro com a punição, mas é isto que tem ocorrido com a tributação corretiva em vários países.
Retribuição - Há uma ordem moral objetiva no Universo, acreditamos nós, logo há um merecimento da punição como retribuição ao crime cometido.

Observações
A teoria do castigo não pode ser reduzida por um eticista como uma fórmula. O equilíbrio seria um regime que não apenas punisse e restringisse o mal comportamento, mas incentivasse o bom. Há uma recompensa merecida, tal como diz Lewis, possível de ser debatida pois uma pessoa pode ser culpada apenas por parecer culpada para o público de acordo com a dissuasão.
A reforma deve ser justificada bem como a restrição, restituição e a tributação.
Prisão
A prisão como punição especifica por um tempo não está presente na Lei Mosaica, ainda que demonstre isso nos países vizinhos a Israel e depois pelos reis israelitas e no N.T. Bastavam-se açoites, restituição e escravidão ou pena de morte, e esta última sendo motivo gerador para aumenta daquela e diminuição desta, mesmo que as estatísticas comprovem que os criminosos não sejam restaurados com a prisão.
Compreendemos que as atuais nações não estão em Aliança com o Deus das Leis aqui estudadas nem tampouco querem sujeitar-se a tais, porém se o roubo fosse tratado tal qual pela Lei Mosaica, na restituição por intermédio do trabalho forçado, se necessário, muitas questões concernentes poderiam ser diferentes. O contato com a prisão pode criar o círculo vicioso, tanto para o caso supra bem como para a questão do tráfico de entorpecentes.
A culminância com a morte deve ser analisada nos casos daqueles que podem forçar ou fomentar novos tipos de criminosos profissionais em um complexo prisional misto, isto observado pelo prisma de Deuteronômio 17:12, no que se refere ao “...que se houver soberbamente”.
Dentro do propósito inicial do confinamento, a prisão deve ser utilizada pelos cristãos no intuito da evangelização, primando por recuperação e regeneração da mesma forma como foi eficaz na escravidão hebraica antiga, preparando os reclusos para a liberdade após afinados aos princípios bíblicos.
Pena de Morte
Biblicamente, no antigo testamento, encontramos inúmeras razões para a morte como sentença, logo, a compreensão do sexto mandamento, demanda maior entendimento, pois é preciso discernir entre as causas autorizadas pelo próprio Deus.
Dentre elas haviam casos de Santidade Especial de Israel, assim sendo, não cabe a outras nações bem como outros crimes que podiam ser resgatados de outra forma.
Apesar de a Lei da preservação da vida ser anterior a Moisés, até porque o valor da mesma antecede o referido no status pré-queda; “imagem e semelhança de Deus”, deve-se analisar os fatores da aplicação do derramamento de sangue pela vida tirada.
Em ambos os testamentos encontramos a autoridade sobre a vida posta ao governo civil e não ao crente em particular, mesmo com textos tal qual Romanos 13.
A pena capital não é uma privação absoluta da existência, até porque, a pena capital não tem por objetivo decisivo a restrição e sim, como já mencionado a retribuição e também não visa apenas o desencorajamento.
O preconceito racial já foi motivo fundante e contrário à pena capital como hoje é o exame de DNA, ainda que este deveria ser usado para o auxílio e não ser contrário à pena de morte (pois esta existe antes do DNA). Justiça maior sempre deve ser objetiva, porém nunca será perfeita e a pena referida é apenas parte do processo pelo qual Deus envia seus castigos sobre um mundo pecaminoso.
Guerra
A bíblia não nos servirá como padrão de Ética Real de Guerra, basta vermos Tiago 4:1,2, onde o Pecado é a causa das guerras. A paz é objetivo bíblico na consumação da história. A guerra (metáfora) cristã é vencida com as armas espirituais; verdade, justiça, Evangelho, fé, salvação, Palavra de Deus e oração.
Tal como escrito em Salmos 34:14 devemos ser amantes da Paz, ainda que perseguidos e o mal deve ser vencido com o bem até mesmo por aqueles que devem fazer a guerra. Estes, preparados pelo próprio Deus no Salmo 144:1.
A guerra herem – meee;]\]reeeex “expulsão” (Dt.20) é uma guerra de destruição total e uma situação específica e restrita, ou seja, o cumprimento da promessa feita a Abraão de lhe dar uma terra. As terras dalém do perímetro prometido teriam abertura a acordos e, caso desrespeitados, homens morreriam, mulheres e crianças tornar-se-iam em escravos. Vários rituais eram observados pontuando assim a sacralidade da Guerra, pois diferente das nações hoje, Deus era Autor da vitória de seu povo, não fornecendo modelo ético para guerra moderna.

Pacifismo
O Pacifismo e a teoria da guerra justa surgem na dificuldade de observar princípios explícitos na Bíblia para a ética da guerra. Pacifismo tem por ilegítima e injustificável e independente de circunstância por causa da lei do amor e o apoio ao Estado, que é contrário a Deus, toda e qualquer forma de guerra. Dispensa-se necessidade de comentário acerca do que já foi dito acerca do Magistrado que recebe delegação divina para o cuidado de Adão.
A falácia acerca do divórcio em detrimento às guerras também pode ser resolvida pelo simples fato que deus não ordenou o divórcio (permissão por dureza de coração e exceção em Esdras 10) mas ordenou que Israel fosse a guerra, ainda mais, Ele retirou o reino a Saul por não cumprir a Herem contra Amaleque.
No que tange a Patrística como defesa, o mesmo pode se dizer com relação aos tais, pois estes são apenas um guia para a aplicação das Escrituras e não uma Autoridade final sobre o assunto. 
Um cristão nas forças armadas se torna parte do governo civil, assim sendo, incorrerá no risco de matar a um irmão de fé que se torna aliado do agressor. Na justiça não cabe parcialidade entre o cristão e o cidadão comum.

Teoria da guerra justa
Na teoria da guerra justa, segundo acreditam alguns pensadores, existem motivos e princípios que fazem da guerra; justa e necessária, tanto seu início quanto sua manutenção.
Geralmente aqueles que travam uma guerra a justificam como sendo seus fins justos, ainda que por fim as argumentações terminam de maneira não decisiva.
Dentre os princípios considerados justificáveis a guerra estão:
A causa justa; Intenção justa; Último recurso; Declaração formal; Objetivos limitados; Meios adequados; Imunidade para os não combatentes; Justiça comparativa; Probabilidade de sucesso; Boa-fé de tratados e acordos.
Todas elas podendo ser arguidas nas próprias perguntas.
Algumas ideias das escrituras
Devemos nos contentar com generalidade em vez de detalhes uma vez que a Escritura, como já mencionado, nada tem de definitivo ao assunto abordado. Um eticista nunca terá uma definição sobre quantas armas deverá usar, por exemplo, se consultando o livro Sagrado.
A preservação e a alta consideração da vida, sempre deverão ser objetivados pelo cristão ainda que por vezes algumas dessas vidas serão sacrificadas pelo cumprimento do objetivo, a Bíblia justifica fazer o que for necessário para atingir um objetivo militar legítimo.

Guerra nuclear e repressão
As armas nucleares destroem muito mais do que seres humanos indistintamente, ainda que alguns argumentam que estes tipos de guerra nuclear só são aceitáveis se forem herem - mrx, visando a destruição total, não somente seres humanos, mas arrasando os recursos naturais.
Por fim ficam as questões: Toda guerra necessariamente precisa de tais armas? Estas podem ser armazenadas para repressão? O autor considera-se não pronto a responder sobre a legitimidade do uso de armas nucleares em todos os casos bem como conclui como sábio os E.U.A ao manterem um estoque de armas nucleares como forma de repressão tal qual fizeram outros países. Em alguns casos, diz ele, é a melhor estratégia de repressão, desconhecendo qualquer princípio bíblico que reprima nessas situações.

Capítulo 37

O Sexto Mandamento: Proteger a Vida

          Além de questões governamentais, este mandamento também lida com questões pessoais e individuais dos cristãos quanto à ordenança do Criador sobre proteger a vida. Há uma sucinta discussão nas sociedades sobre a morte, como por exemplo, os secularistas liberais que se opõe à matança das guerras, mas apoia o aborto e a eutanásia. A ética bíblica se opõe a esse pensamento, antes de definir qual é a situação em que devemos ou podemos decidir sobre a vida de uma pessoa é preciso realizar uma análise cuidadosa sobre alguns assuntos.

Aborto
          Há um pensamento de que a igreja não deve se posicionar quanto a esse assunto por não haver um texto explicito na Bíblia, essa ideia é apoiada no princípio da “Sola Scriptura” que proíbe a igreja de comentar sobre assuntos não tratados na Bíblia. Há na Bíblia, no entanto, uma fala implícita sobre o valor das crianças não nascidas e não tratar o assunto é compreender mal a suficiência das escrituras, pois a mesma tem a função de mostrar sua importância também em assuntos que não estão explicitamente registrados, ou seja, “não matarás” nos incita que não devamos interromper uma gravidez assim como “não furtarás” implica em não pegar a carteira de professores de seminário sem o consentimento deles.
          Podemos consultar o texto de Êxodo 21.22-25 para refletir sobre o tema: "Se homens brigarem e ferirem uma mulher grávida, e ela der à luz prematuramente, não havendo, porém, nenhum dano sério, o ofensor pagará a indenização que o marido daquela mulher exigir, conforme a determinação dos juízes. Mas, se houver danos graves, a pena será vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, contusão por contusão”. Podemos considerar três interpretações considerando-as como “a favor da vida”. A primeira delas é a interpretação do “nascimento vivo” (v22) que por uma indefinição do Hebraico original no termo “maior dano” considera que este pode ser aplicado tanto a mãe quanto ao bebê, ou até mesmo de ambos. É este ponto que se difere com a segunda parte da interpretação (v23 a v25) onde o dano continua sendo indefinido mas deixa claro que a pessoa que cometeu o dano será punida debaixo da política olho por olho, dente por dente, logo, da mesma forma que retirar a vida da mãe é um crime tão grave que deve ser pago com a própria vida, da mesma forma, retirar a vida da criança não nascida também é grave e requer a mesma punição. Vale observar que a passagem não diz que o agressor pretendia causar o dano (seria considerado morte acidental), caso o golpe fosse intencional o crime seria ainda mais grave. Isto caracteriza o aborto como um crime ainda pior, pois trata-se da morte intencional de uma criança não nascida. A segunda interpretação é a do “aborto espontâneo”, e normalmente é citada como apologia ao aborto, enxergaremos esta interpretação de forma diferente. Desta vez, na primeira parte do versículo o “dano” é somente para a mãe, que é considerada crime capital no caso de morte, e poderá ser julgada pelos juízes e o marido. Agora quando há morte da criança, há apenas o pagamento de uma multa, pois não é considerado um crime capital, é justamente neste ponto que as pessoas que são a favor do aborto se apoiam, mas o texto bíblico deixa claro que ainda que a punição não seja a mesma aplicada na primeira interpretação (a morte do culpado) não significa que não seja errado, o texto continua sendo contra essa prática, as pessoas que defendem essa interpretação em geral dizem que ela justifica o aborto. Racionam que a diferença no castigo implica a diferença em status. A terceira interpretação, chamaremos de “visão posterior de Kline”, que é a visão do aborto espontâneo defendido por Meredith Kline. Essa interpretação defende, como a primeira, a ideia de que tanto o dano à mãe quanto ao bebê deve ter a mesma punição, a de morte, portanto ambos têm direito à vida. Em todas as três interpretações a passagem de Êxodo protege a criança pela força da lei, não havendo distinção da idade do feto.
          Segundo Kline, o aborto induzido é um pensamento tão contraditório que não havia necessidade de lidar com esse assunto na lei mosaica. As leis assírias atestam uma aversão a este crime, condenando a mãe não somente a morte, mas também a empalação e exposição do corpo para sua vergonha e expressão de repúdio. Concordamos em afirmar que devemos proteger a vida não nascida a partir do ponto de sua concepção.
          Em Salmos 139.13-16, Davi descreve o tratamento de Deus com ele, no ventre de sua mãe. Nesta passagem, Davi se refere à vida não nascida como totalmente pessoal. Davi já era uma pessoa, antes de seu nascimento. Não usaremos essa passagem isolada apenas para provar a pessoalidade das pessoas não nascidas, mas sim, porque ela representa um uso bíblico geral para defender a vida, assim como diversas outras passagens. Há também o uso de pronomes pessoais em Salmos 51.5 mostrando a pessoalidade de Davi ainda como feto, explicando explicitamente que o pecado de Davi remonta à sua própria concepção. Vemos então, nesta passagem Davi referindo-se a si mesmo como pessoa antes de nascer (usando pronomes pessoais), como um pecador e ainda remonta esse pecado à sua própria concepção. Em Lucas 1.35 e Juízes 13.3-5 defendemos a ideia de que a bíblia presa pela proteção à vida mesmo antes do nascimento.
          A partir da legislação contra homicídios na lei mosaica, defendemos o princípio de que não devemos apenas evitar o assassinato, mas também ser muito cuidadosos para nos prevenirmos contra a possível destruição da vida humana. Ainda que não seja uma questão em que podemos responder com totalidade à luz da Bíblia, diante de uma dúvida de matar ou não, sempre devemos optar pela vida.
Há também uma evidência científica confirmado o argumento bíblico que diz que a criança não nascida é uma pessoa e têm direito à vida. A partir do momento que o feto possui metade dos cromossomos do pai e metade da mãe, conclui-se que as crianças têm uma constituição diferente do da mãe, não fazendo parte de seu corpo. Há uma dependência do corpo da mãe (oxigênio, nutrição e imunidade) mas que não implica a sua existência em si. A teologia, para nós, deve vir antes da ciência. A questão principal aqui é a pessoalidade do não nascido, pois é isso que lhe dá direito à vida. A pessoalidade é uma categoria metafísica, religiosa, teológica e ética, não uma categoria científica.
Pode-se justificar o aborto em alguma circunstância? Apesar de ter situações como estupro ou incesto ou em outra situação em que se preze pela saúde da mãe, ele não se retira de uma posição bíblica para responder a esses casos. Com certeza, como cristãos, devemos ajudar pessoas que passam por esse tipo de dificuldade. Mas a Bíblia parte do princípio em que as crianças não nascidas devem ser tratadas como as outras pessoas, isso igualiza o direito de vida tanto da mãe quanto da criança. Não podemos ceder quanto ao princípio bíblico de que as crianças não nascidas devem ser tratadas da mesma maneira que as já nascidas. Seria certamente errado matar um bebê ou uma criança porque ela é deformada, ou como meio de controle do crescimento da população. Portanto, matar uma criança não nascida por essas razões também é errado. O se vale quanto às questões mais sérias do estupro e do incesto. No entanto, podemos destacar há uma exceção:
Faremos uma exceção posição geral até aqui apresentada em favor da vida: no caso de que a continuação da existência da criança ameace a vida física da mãe. Essa situação é rara, mas ocorre. Numa gravidez ectópica, por exemplo, o ovo fertilizado se implanta nas trompas de falópio em vez de se implantar no útero, e a criança não sobreviverá desse modo. O médico precisa retirar a criança (destruindo-a) para preservar a vida da mãe. Alguns defensores "a favor da vida" não gostam de descrever esse procedimento como um aborto, mas é a morte de uma criança não nascida, o que se encaixa na descrição do termo. Devemos ser honestos em denominar o procedimento pelo nome correto.
Consideramos esse procedimento como eticamente correto, pois, nesse momento, a criança é apenas um agressor injusto, ameaçando a vida da sua mãe. Assim, o procedimento é a defesa pessoal da mãe.
Há muitas passagens bíblicas que citam que nosso Deus se importa com os pobres e necessitados. E é nossa obrigação cuidá-los (como em Salmos 72.12-14), isso nos dá pauta para cuidar daqueles que são fracos demais para se cuidar sozinho, no caso, o feto. É preciso entender pelo que estamos lutando, a sociedade hoje entende o aborto como uma questão de escolha da mulher, protegendo sua autonomia. Mas é justamente a autonomia que se contradiz com a mensagem cristã, essa liberdade destrói a natureza humana. Devemos pregar o evangelho que protege às crianças não nascidas e também às mulheres com gravidez problemáticas. Mas ainda, mais importante é ser fiel. Em Cristo, Deus nos mostrou misericórdia inestimável, não podemos medir a profundidade, a largura, a amplitude ou a altura do seu amor. Certamente um amor tão maravilhoso e divino exige nossa alma, nossa vida, nosso tudo. Portanto, vamos adiante agressivamente, amando os outros como Cristo nos amou.

Morte
Para tratar da morte física humana de forma geral, começamos em Gêneses 2.7, onde começa a vida. Nesta passagem o texto no original, expressa o “cessar da respiração”, e aí começa uma discussão de quando podemos afirmar que esse cessar é irreversível, pelo fato de pessoas voltarem à vida depois de supostamente terem morrido. Por isso a medicina conclui como “morta a pessoa que tiver sofrido: (1) cessação irreversível das funções circulatória e respiratória; (2) cessação irreversível de todas as funções do cérebro por inteiro, incluindo o tronco cerebral.
Esta discussão abre portas para traçar um pensamento ético bíblico entre manter a vida por fontes naturais e artificiais. Também é importante reconhecer que o termo irreversibilidade” é dependente da tecnologia e que é subjetivo, já que os médicos nem sempre têm certeza se podem reverter uma perda das funções naturais.
Precisamos discutir biblicamente a diferença entre matar e deixar morrer, pois nem sempre isto pode estar correto. Em certo ponto é compreensível que deixamos as pessoas morrer, pois há algumas morrendo neste exato momento, e não estamos fazendo nada para impedir isto. E não é correto dizer que somos responsáveis por essas mortes, neste caso, deixá-las morrer não significa que de fato as matamos, essa é a diferença entre matar e deixar morrer que devemos considerar. Os fatos em que deixar a pessoa morrer é considerado o mesmo que matá-la, em geral, é errado deixar alguém morrer quando temos o poder de mantê-lo vivo.
Neste ponto, a medicina nos complicou consideravelmente dando a opção de prolongar a morte, e mesmo que tenha a intenção de salvar a pessoa, não devemos fazer isso, lembramo-nos de que a morte é uma parte inevitável da maldição, mas para nós, cristãos, é lucro, é a entrada para a glória. Este assunto é delicado, pois podemos definir morte facilmente, mas é muito mais difícil definir o “estar morrendo”. Como princípio geral, devemos cuidar dessas pessoas com que nomeamos de cuidado ordinário (nutrição, água, proteção contra infecções, etc.) mas há algumas circunstâncias em que o cuidado pode ser contrário a ética bíblica, como por exemplo, quando o alongamento da vida tem o objetivo de diminuir o sofrimento, enquanto a morte aliviaria toda a dor desta pessoa. Também quando é pelo fator financeiro quanto ao preço do tratamento, a vida física não é prioridade final. Ou até mesmo em alguns tratamentos onde faz-se o uso do transplante para alongar a vida do moribundo. Nestes casos devemos negar cuidados.

Eutanásia
Neste caso o “não matarás” se aplica diretamente ao assunto, ainda que tem liberdade de quanto ao tipo de cuidado médico devemos ter com os pacientes, não se deve usar desta liberdade para matar. Devemos nos lembrar de não negar cuidados ordinários à pacientes simplesmente por serem deficientes. Nós não somos o padrão para decidir pela vida de alguém ou pela própria vida, Deus o é. Ainda que a bíblia não cite um padrão de qualidade de vida, é possível, e temos vários exemplos, de pessoas deficientes que encontram maravilhosas maneiras de se viver.

Suicídio
Apesar de não explicito nas escrituras, suicídio é um pecado e há um contexto de derrota e vergonha por traz disto, na bíblia há cinco exemplos de suicídio e todos eles resultaram da desobediência a Deus. Devemos lidar com o suicídio com amor, e tratá-lo como um outro pecado que também há perdão.
As pessoas com indícios suicidas precisam ser perdoadas, de compaixão do corpo de Cristo e da graça da cruz. Diferenciar suicídio de “entregar a vida a favor de outro”, ou a de um cristão recusar um tratamento por ser um estorvo para a família.

Saúde e Segurança
Há preocupações quanto a nossa saúde e segurança que podem ser certas ou erradas:

Álcool - O abuso do álcool é citado na bíblia, apesar de haver uma fala positivamente sobre beber o vinho, e não somente de sua qualidade nutricional, mas também porque “alegra o coração do homem” sendo capaz de alterar seu humor. O abuso, ou vício, torna-se então um pecado. Devemos então considerar o uso do álcool quando ele está sob domínio do ser humano e não ao contrário.

Tabaco - Até o século XX não foram reconhecidos os riscos do tabaco e na época bíblica ainda não se conhecia esta prática. O fumo, como o álcool, causa prazer, porém, devido a série de problemas que isto pode causar a saúde, consideramos insensato algum cristão começar a fumar. O autor da obra aqui exposta, cita a importância de não abusar no incentivo para que o fumante pare de fumar, pois isso pode trazer sérias complicações. É errado começar a fumar, mas se alguém já é um fumante, pode ser uma boa escolha não tentar parar.

Drogas - O abuso de drogas não somente faz mal à saúde como a sociedade em geral. Os princípios não são diferentes da questão do álcool, mas de fato, há um alto risco de vício. Neste caso, o silêncio relativo da Escritura nos incentiva a pensarmos criativamente.

Comida, bebida e exercícios – Consideramos os esforços para uma vida saudável bons até certo ponto e cita Paulo como alguém que colocou a própria saúde de lado para pregar o evangelho e também de Jesus que deixou os seus para passar fome e sede aqui na Terra. A bíblia nos deixa claro que nossa vida na terra será de sofrimento, enquanto aguardamos a glória que virá.

O meio Ambiente

Apesar do termo em hebraico no mandamento se aplicar apenas à matança dos seres humanos, vimos que Deus se importa com os animais também, afinal, eles têm fôlego de vida. O homem não deve governar a terra no sentido de destruí-la, mas usar de seus recursos naturais para desenvolver e aumentar os recursos da terra, logo, cuidar do meio ambiente. De fato, o ambientalísmo bíblico rejeita qualquer religião panteísta, a terra não é Deus, os animais não têm os mesmos direitos a vida que os homens, mas isso não significa que devemos dar prioridade a atividade humana e não à preservação da natureza. Apenas uma sociedade regenerada alcançará concordância suficiente quanto às questões mundiais para salvar a terra. Portanto, a necessidade principal do meio ambiente é o evangelismo.





Resumido por: Deivid Liberto, Silvio Silva e Marcos Vinicius Silva - Alunos do curso de Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie - São Paulo/SP. - Campus Higienópolis.