“E quase parando, sem força e vigor, a gente lê a palavra, e
encontra bastante poder pra vencer e continuar a jornada” (Armando Filho)
Inexperiente
no violão, mas cheio de vontade e prazer em toca-lo, ouvir seu som, poder tocar
e cantar, confesso que já embarquei em algumas enrascadas nessas minhas ousadas
investidas musicais.
Sempre
admirei meus amigos, desde a época da escola, no ensino médio, que tinham tal
habilidade, vez ou outra algum colega posava de violeiro na intenção de
conquistar a atenção das garotas. Posteriormente essas experiências se tornaram
mais frequentes com os amigos da igreja, que aliás, sempre torcia para que em
algum de nossos encontros, algum violão pudesse estar presente para que eu ali
ficasse, ouvindo, admirando, cantando e claro, desafinando.
Pois bem,
tempos depois me aventurei em aprender o instrumento e confesso que pelo tempo
que já se passou, eu poderia ter me dedicado mais e conquistado lugares mais
altos no que se diz respeito a habilidade e técnica para o negócio. Me
arrisquei participando de bandas, tocando nas rodinhas com os amigos, sem falar
nos encontros familiares em que varávamos a noite com apenas Dó e Sol maior
para qualquer canção.
Me recordo
frequentemente das vezes em que me preparava para os eventos da igreja onde nos
reuníamos para orar durante a madrugada. Eu me antecipava treinando aquelas 3
ou 4 músicas de sempre e seguia, como sempre preparado para tal. Confesso que
sempre temia que me pedissem para tocar alguma que estivesse fora de meu
roteiro de todos os encontros de oração. E não dava outra, das músicas que eu
me preparava durante umas duas semanas, aproveitava com tranquilidade só a
primeira, pois as demais quase sempre eram “puxadas” por alguém no meio da
escuridão e o “se vira nos 30” começava.
Confesso
que ao mesmo tempo que era desesperador não saber que acorde encaixar a cada
frase cantada, foram também experiências que me ajudaram a trabalhar a
capacidade de improviso e apurar sensibilidade musical aos ouvidos, pois lá
para o final de cada música eu acabava descobrindo um ou outro acorde que
pudesse se equilibrar ao coral de vozes que seguia cantando sem dificuldades.
Entre essas
experiências valiosíssimas que tive, aprendi uma canção que sempre me vem a
mente, música antiga, lançada em 1995 pelo cantor e compositor pernambucano
Armando Filho, intitulada “Nenhuma condenação há”. De forma geral, a música tem
boa letra, com fundamentação bíblica coerente (Rm 8:1), com uma aparente marca
do triunfalismo que reina nas músicas cristãs contemporâneas, porém a
simplicidade e a verdade transmitida me fazem olhar com bons olhos, ou melhor,
ouvir bom ouvidos.
Vez ou
outra me pego cantarolando um trecho da canção, principalmente em momentos que
refletem exatamente o que o inicio da frase expõe: “E quase parando sem força e vigor, a gente lê a palavra e encontra
bastante poder pra vencer e continuar a jornada”.
Essa,
talvez, é a frase que me fez incluir essa canção em minha playlist de músicas preferidas, mesmo que, em se tratando de gênero
musical, ela seja totalmente o avesso do que costumo ouvir, tocar e cantar. Aliás,
bota avesso nisso!
A frase em
questão expressa muito bem uma verdade presente em minha vida, que é o poder de
restauração que a palavra sempre me proporciona, verdade essa que não me é
exclusiva, mas que como parte da graça comum de Deus, está disponível a todos e
é a revelação especial do Criador aos homens. Ela tem esse poder transformador,
de que quando rendidos a ela, nos faz ouvir a voz do Senhor, e olhando para Ele
percebemos e temos a certeza de estar cercado das infinitas misericórdias do
Senhor. Eu que em outras épocas já tive muitas dificuldades em compreendê-la,
me afastava mais e mais a cada leitura sem compromisso com sua autoridade. Hoje,
porém, encontro nela refúgio, consolo e confronto, afinal, para onde ou quem eu
poderia me lançar, que me possa dar vida em meio a essa turbulência que é a
vida (Jo 16:33) a não ser nas palavras de vida eterna do Deus eterno (Jo 6:68) reveladas
nas sagradas escrituras.
Mas nem
sempre é tão simples quanto parece ser, poderia, mas não é. É fato que quando
alguém chega ao status de “e quase parando, sem força e vigor”, o estrago pode
ser preocupante. A capacidade de tomar ciência da realidade, encarar os
problemas a fim de converte-los, muitas vezes nos falta, pois nem sempre
queremos levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima e o passo seguinte,
quase sempre é a desistência.
Certa
feita, uma de minhas filhas, a primogênita, veio ao meu encontro com muita
empolgação tendo em suas mãos, uma bíblia, que foleando sem parar, estava à
procura de um versículo que havia dito ter decorado. Após alguns minutos de busca,
me entrega o texto para que eu pudesse conferir se de fato ela havia decorado,
e assim, parada em minha frente, após respirar bem fundo ela declama:
-Escondi a tua palavra em
meu coração para não pecar contra Ti. Salmos cento e dezenove, versículo onze.
Acertei?
Perguntou ela com o sorriso de orelha a orelha. Naquele instante, eu só soube
retribuir o sorriso, mas pouco a pouco pude compreender o significado daquelas
palavras e o efeito causado em meu ser.
O ponto
aqui é que busquei e busco, nos dias maus e bons, me alimentar de Deus, de sua
presença, de sua essência, de sua voz, através de sua palavra, como na
orientação do segundo versículo do primeiro Salmo, tenho prazer, e nela medito
de dia e de noite, e tendo ela guardada em meu coração, aquele passo da
desistência recua e me vem ao encontro histórias que li, de homens que em
tempos, ocasiões e maneiras diferentes vivenciaram situações em que
experimentaram a insistência de Deus em suas vidas, provando de sua maravilhosa
graça, aos quais aqui, quero citar e te fazer lembrar, que os propósitos de
Deus fazem parte de uma dimensão muito além de nossa vontade, e que Ele é
soberano sobre todas as coisas. Todas as coisas!
Antes de
dar início a um mergulho nas escrituras, quero citar que recentemente, em uma
conversa a cerca de alguns textos bíblicos ouvi um comentário que me fez
refletir e repensar algumas convicções. A questão girava em torno da conversa
de que Deus respeita nossas decisões e que se o rejeitarmos em alguma missão,
Ele usa outra pessoa a fim de cumprir seus propósitos, pois ninguém pode ser
insubstituível. Mas o fato é que, entre os homens que quero lhe apresentar,
percebi exatamente o contrário.
Vamos
começar por Moisés, o hebreu
protagonista do livro do Êxodo, liderando a nação de Israel rumo ao fim da
escravidão imposta pelo Egito. Foram mais de 400 anos insuportáveis de
sofrimento. A história é incrível e Moisés é o personagem convocado para
encabeçar tal evento, mas essa não era bem a sua vontade. Recomendo que tenha
acesso ao texto bíblico e acompanhe a narrativa. Vamos começar por Êxodo
capítulos 3 e 4.
Após ter
fugido do Egito por conta de uma ocorrência que o deixa vulnerável, correndo
riscos de perder a vida, Moisés agora reside em Midiã, casa-se Zípora (Ex 2:21)
filha de Jétro, e passa a ajudar nos negócios da família. Indo para trás do
deserto, apascentando as ovelhas do rebanho de seu sogro, chega a horebe, o
monte do Senhor (Ex 3:1). Ali se espanta ao perceber um punhado de gravetos que
ardendo em chamas não se consumia, e dali, no meio da tão famosa “sarça” Moisés
tem um diálogo com o Deus de seus pais (Ex 3:6). A proposta do criador é a ele apresentada
e pasmem, ele rejeita de cara.
Então
Moisés disse a Deus: Quem sou eu, para que vá a Faraó e tire do Egito os filhos
de Israel? (Êxodo 3:11)
A conversa
continua, Deus conta em detalhes o dali em diante aconteceria, como seriam as
tratativas com o faraó, como Ele mesmo tendo Moisés como seu representante
estaria no controle da situação, Moisés faz alguns questionamentos, Deus
continua a dar detalhes e como reverteria as objeções apresentadas por ele.
Enquanto todo esse diálogo acontecia, fico eu pensando que tipo de desculpas
passou pela cabeça de Moisés para tentar se livrar de tal responsabilidade, e
convenhamos, uma baita responsabilidade, de fato, teria que ter muito “peito” para
encarar tal demanda. E eis que Moisés, lá pelas tantas, investe em mais uma desculpa:
Então
disse Moisés ao Senhor: Ah, Senhor! eu não sou eloquente, nem o fui dantes, nem
ainda depois que falaste ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua. (Êxodo
4:10)
Consegue imaginar
Deus criador dos céus e da terra irritado? Eu não consigo, mas o fato é que a
coisa ficou estreita, e ainda assim, caso continue a leitura do texto verá que
Moisés segue a recusa, até que Deus indica Arão para que fosse o porta-voz do
até aqui não queria se meter no meio dessa história (Ex 4:14).
Mas não deu
outra, avance um pouco mais adiante até o capitulo 14 e veremos Moisés, que
outrora não queria se expor, nem ao menos falar diante do povo, a plenos
pulmões, num processo de argumentação e convencimento com os incrédulos hebreus
que desejavam retornar ao Egito, mesmo antes de ter dali escapado. Apenas se
lembre que essa evolução vem como consequência da insistência do criador em permanecer
com Moises como o líder desta missão, mesmo após tantas recusas.
Outro
personagem que aqui merece ser destacado é Elias,
o grande profeta de Israel e defensor da fé no Deus vivo. Vejamos algumas das experiências
que esse homem teve em sua trajetória inicial:
·
Anuncia ao
rei Acabe o período de seca (1Rs 17:1);
·
É
alimentado milagrosamente por corvos em uma espécie de delivery de dia e de
tarde (1Rs 17:6);
·
É sustentado
pela viúva de Sarepta conforme prometido por Deus (1Rs 17:9);
·
Atua no
milagre da multiplicação da farinha e azeite (1Rs 17:16);
·
Intercede a
Deus e o filho da viúva torna a ter vida (1Rs 17:22);
·
No Monte
Carmelo desafiou e venceu os 450 e profetas de Baal vendo o fogo de Deus descer
do céu (1Rs 18:20;40);
·
Ao perceber
uma minúscula nuvem no céu entende que viria uma grande chuva enviada por Deus
(1Rs 18:41;46).
Que
magnifico, quantas experiências incríveis, que exemplo de ousadia, intrepidez e
cá entre nós, que coragem ao desafiar 450 homens “sozinho”, sem interrogar a
Deus solicitando ajuda de outros que pudessem estar ao seu lado. Grande
contraste com aquele Moisés fujão, inseguro, que inicialmente se acovardou
diante de suas limitações, tentando escapar da missão que Deus havia de entregar
em suas mãos.
Até então,
Elias nos é apresentado como alguém impecável, pois temos uma sequência de
relatos caracterizados por uma ordem da parte de Deus, seguida da obediência da
parte de seu servo, concluindo com o agir de Deus emplacando sua grandeza,
poder e glória.
Mas em meio
a tudo isso, algo muito intrigante nos é apresentado na narrativa bíblica.
Elias nos surpreende, diante do fato em que o rei Acabe compartilha tudo o que
havia ocorrido no Monte Carmelo com sua esposa, a Rainha Jezabel, e como matara
a espada os profetas (1Rs 19:1). Jezabel por sua vez, se revolta contra Elias e
o ameaça de morte, pois os profetas que Elias havia eliminado faziam parte de
seu exército (sugiro que leia os capítulos anteriores para entender melhor este
contexto). Elias imediatamente foge para o sul escapando das mãos de Jezabel,
co medo, caminha durante todo o dia pelo deserto, e cansado toma assento debaixo
de um arbusto, abatido, entende que é o seu fim e deseja morte.
“Ele, porém,
entrou pelo deserto caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e
pediu para si a morte, dizendo: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida,
pois não sou melhor do que meus pais.” (1Rs 19:4)
Estamos
diante de um homem que a pouco seguia por caminhos sempre direcionados por
Deus, e agora, sem consulta-lo, sai em fuga, sem destino, sem propósito e então,
sem chão, extremamente decepcionado, conclui que diante de tal dificuldade, o que
lhe resta agora é morrer.
Aquela
depressão fez com que Elias mergulhasse em um complexo de inferioridade e o fez
esquecer, que seu Deus era maior do que qualquer afronta ou dificuldade. Dali
após, ao ser alimentado por Deus, reencontra forças e caminha durante 40 dias e
noites até chegar ao Monte Horebe, por curiosidade, o mesmo monte que Moisés
recebe o chamado do criador (1 Rs 19:8). Nas cenas seguintes, vemos mais uma
vez a misericórdia de Deus agindo na contramão das vontades de um homem. Então,
motivado por Deus e atraído por sua presença, sai da caverna e retorna ao seu
caminho em busca de um sucessor e de profetizar aos reis de Israel a fim de os
converter da idolatria a outros deuses.
E assim
sucedeu até o dia em que foi arrebatado aos céus numa carruagem de fogo (2Rs
2:11). Mal sabiam os que presenciaram todas estas coisas, que ainda a pouco,
este homem estava na pior, desejando a morte.
Sugiro que
se aprofunde na leitura do livro dos reis para que compreenda com mais clareza
os detalhes da vida e ministério de Elias e também seu sucessor Eliseu.
Seguiremos
nosso exame, a partir da experiência de um outro profeta do antigo testamento
ao qual imagino que possa ter passado pela sua cabeça que se enquadraria no
contexto até aqui exposto, porém, digo isso pressupondo que você já tenha lido
os quatro capítulos que narram essa história e caso não o tenha feito, sugiro
que posteriormente dedique um tempo nesta leitura, são apenas 48 versículos. E
se ainda não chegou à conclusão de quem seja, te exponho, falaremos agora do
profeta Jonas, que embora anteriormente eu tenha denominado Moisés como um “fujão”,
o desclassifico e dedico este título, literalmente ao tão famoso profeta Jonas.
Eis
aqui, talvez o caso mais explícito no que se refere a soberania de Deus versus a vontade do homem. Jonas recebe
a missão de pregar em Nínive, mas imediatamente tenta uma fuga para outro local.
Nínive era a capital da Assíria, e na ocasião, os assírios eram inimigos da
nação de Israel. O texto não nos deixa claro os reais motivos pelos quais Jonas
não queria pregar para aquela gente, mas implicitamente entenderemos que ele conhecia,
e bem, o Deus a quem servia, embora tenha cometido o erro de subestima-lo. Mas,
conhecendo a sua graça, era sabido por ele que Deus estava prestes a perdoar os
pecados de um povo inimigo, e não queria isso de forma alguma, ao ponto de
embarcar em um navio com destino à Társis (Espanha).
Jonas,
porém, levantou-se para fugir da presença do Senhor para Társis. E, descendo a
Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem, e desceu
para dentro dele, para ir com eles para Társis, da presença do Senhor.
(Jn 1:3)
Há 3 momentos que quero chamar a atenção neste
evento que nos revelam o nível de insatisfação de Jonas em relação a seu
ministério, e até mesmo com sua própria vida.
1º – O primeiro se refere a algo que aqui já foi citado, Jonas, profeta
de Israel, toma uma decisão radical ao contrariar a direção que Deus havia dado
a ele. Na prática, Jonas estava desistindo do chamado profético e da
responsabilidade que Deus dera a ele como anunciador da voz divina em seus
dias. Jogou tudo para o alto. Sabe-se lá para onde iria, por quanto tempo, ou
até mesmo se tinha intensões de voltar.
2º – Em meio a viagem, uma tempestade enviada por Deus coloca em risco a
vida de todos os tripulantes, que inclusive lançaram ao mar a carga que ocupava
o barco, a fim de diminuir os riscos e oravam cada um ao seu deus na esperança
de que os fossem revelados as causas de tal tempestade (Jn 1:5). Jonas, por sua
vez, encontra um lugar para repousar e cai no sono. Quando acordado pelo líder
da embarcação, é repreendido por não estar em oração como os demais. Após ser
colocado contra a parede (Jn 1:6;8), Jonas expõe os fatos que o levaram até ali
e o motivo da tempestade. E então, crendo que estava no controle da situação,
Jonas decide dar cabo da própria vida, orientando-os que o jogassem no mar,
para que a tempestade não destruísse o barco. Era o fim da linha para o então
profeta em fuga, seus planos haviam literalmente ido por agua abaixo. Após
desistir do chamado, Jonas se vê sem saída, e sua vida passa diante de seus
olhos, só que debaixo d’agua.
“Respondeu-lhes
ele: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei
que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade.” (Jn
1:12)
“Então levantaram a Jonas, e
o lançaram ao mar; e cessou o mar da sua fúria.” (Jn
1:15)
3º – Os capítulos 2 e 3 revelam uma realidade oposta as até aqui
apresentadas. Temos agora um Jonas arrependido, que em clamor por misericórdia
é poupado por Deus através de um inusitado plano de resgate. Jonas passa 3 dias
e noites nas entranhas de um grande peixe, e de lá faz uma das orações mais
emocionantes de toda a narrativa bíblica, que não deixarei de inserir neste presente
texto.
“Na minha angústia clamei ao senhor, e
ele me respondeu; do ventre do Seol gritei, e tu ouviste
a minha voz. Pois me lançaste no profundo, no
coração dos mares, e a corrente das águas me cercou;
todas as tuas ondas e as tuas vagas
passaram por cima de mim. E eu disse:
Lançado estou de diante dos teus olhos;
como tornarei a olhar para o teu santo templo?
As águas me cercaram até a alma, o
abismo me rodeou, e as algas se enrolaram na minha cabeça.
Eu desci até os fundamentos dos montes; a terra encerrou-me para sempre com os seus ferrolhos; mas tu, Senhor meu Deus, fizeste subir da cova a minha vida.
Quando dentro de mim desfalecia a minha
alma, eu me lembrei do Senhor; e entrou a ti a minha oração, no teu
santo templo.
Os que se apegam aos vãos ídolos
afastam de si a misericórdia. Mas eu te oferecerei sacrifício com a
voz de ação de graças; o que votei pagarei. Ao Senhor pertence
a salvação.”
(Jn 2:2;9)
Essa
oração retrata de forma inimaginável a oração de muitos homens e mulheres de Deus
por toda a parte do mundo. Que filho de Deus nunca se viu mergulhado, tragado
pelas aflições deste mundo (causadas por nós mesmos)? E então clamando, experimenta
a maravilhosa graça de Deus, segurando em suas mãos que se estendem a nos
socorrer, e assim, respira o alívio de viver mais uma vez (nova vida), e viver
em sua presença, por causa de sua misericórdia e graça.
Após
o ocorrido, Jonas então é devolvido, através do agir sobrenatural de Deus para
o seu destino original. Nínive recebe a profecia através da boca do profeta, se
arrependem e recebem o perdão de Deus. Até aqui, tudo parecia ter sido
resolvido com Jonas, afinal, experimentou o sabor da morte em meio a um quase
que inevitável afogamento e pode ser agraciado com o consolo de poder respirar
novamente a vida para o cumprir da vontade de Deus. O texto anuncia que em
Nínive haviam mais de 120 mil pessoas que pela pregação de Jonas foram poupadas
da destruição, e Jonas simplesmente se revolta contra Deus e, pasmem mais uma
vez, por acontecer aquilo que previa e que o fez embarcar em fuga, Jonas pede a
Deus que tire sua vida, pois acredita ser melhor não existir do que ter que
conviver com a ideia de que um povo inimigo tenha sido agraciado por Deus por
causa de sua pregação.
E
orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! não foi isso o que eu disse, estando ainda
na minha terra? Por isso é que me apressei a fugir para Társis, pois eu sabia
que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e
que te arrependes do mal. Agora,
ó Senhor, tira-me a vida, pois melhor me é morrer do que viver.
(Jn
4:2,3)
Em
nossos dias, pregadores vibram ao testemunhar apenas uma pessoa que aceita a
palavra e passa a viver debaixo da graça e misericórdia de Deus, pois há festa
nos céus quando um pecador se arrepende (Lc 15:7,10), não é mesmo?!
A
pregação de Jonas, foi simples e direta, pois entrando pela cidade, ao longo de
um dia, anunciou: “Ainda
quarenta dias, e Nínive será subvertida.” (Jn 3:4), e isso bastou! Como que em efeito dominó, toda a
cidade foi atingida pelas palavras proclamadas pelo profeta então arrependido e
todos entraram em concerto com o criador. Na contemporaneidade, o pregador
exclamaria: “-É pra aplaudir de pé!”
O capitulo 4 de Jonas encerra com mais uma lição
extraordinária de Deus para com o profeta, mais uma experiência prática e uma
atitude divina em favor de o levar para o centro de sua vontade. Se ainda não
leu, te desafio.
Há
uma característica muito marcante em nossa geração onde as pessoas são
facilmente encaradas como substituíveis. Em suas mais variadas áreas, como nas
relações profissionais, conjugais, nas amizades, nos convívios sociais,
ministeriais e afins, temos a facilidade de desistir das pessoas diante das
objeções ou problemáticas que as mesmas impõem sobre essas relações. Dedicamos
o mínimo de esforço pelo fato de saber das diversas opções que teríamos e que
não encontraríamos resistências em cumprir com alguma missão especifica. Em
outras palavras, estando no lugar de Deus, não teríamos Moisés, Elias e Jonas
como personagens centrais das histórias que por eles foram protagonizadas, pois
certamente encontraríamos outros que nos apresentariam uma melhor disposição
para cada uma das situações vividas por eles. Ouso ainda mencionar o fato de
que muito provavelmente, nem o elegeríamos para tais missões, quanto menos
contornar suas objeções e insistir em suas vidas.
Poderíamos
estender ainda mais a lista de cases bíblicos,
pois muitos outros personagens, de maneiras, ocasiões e motivos diferentes,
testemunharam da soberana vontade de Deus. Além de Moisés, Elias e Jonas, o
Senhor não desistiu de Abraão quando mentiu por causa de Sara; não desistiu de
Davi quando adulterou e planejou a morte de um homem; não desistiu de Jeremias que
se viu sem competências para exercício profético; não desistiu de Pedro que o
negou três vezes; não desistiu de Saulo quando perseguia a sua Igreja e tantos
outros inúmeros casos.
Poderia
eu comentar aqui também, minhas experiências pessoais, as que já ouvi e
testemunhei, mas creio que você já teve argumentos o suficiente, e o que eu
acrescentar daqui por diante te aumentaria ainda mais a exaustão, portanto,
vamos findar o assunto.
Quando penso em desistir, ou as ocorrências da vida se
encarregam de me conduzir para este caminho, lembro do que tenho guardado em
meu coração, por isso fiz questão de citar o versículo decorado por minha filha
(Sl 119:11), pois sendo assim, tendo construído moradia para a palavra de Deus
em meu interior, quando penso em desistir, as histórias das experiências
vividas pelos personagens aqui expostos despertam e me fazem saber, que mesmo
quando o pensar na desistência ultrapassar a barreira do agir, ali estará o
Senhor, me tomando pela mão e me colocando de volta na direção de seus
propósitos; não me conformarei com meus padrões e desejos e minha maneira
tenderá a ser descartada e então lembrarei que sua vontade é boa e perfeita e
me alegrarei (Rm 12:2).
O coração é o lugar mais próximo da mente, é o lugar mais seguro
para armazenar os tesouros que Deus nos presenteia com sua palavra, e isso é o
que pode nos trazer o equilíbrio perfeito entre emoção e razão, seguirei
escondendo este tesouro em mim (Mt 6:21), para que no dia em que a vida me
presentear com ciladas, eu possa me lembrar das palavras do profeta Isaías e
mais uma vez deleitar na grandeza da soberana vontade do Senhor:
Buscai
ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.
Deixe
o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se ao Senhor,
que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar.
Porque
os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os
meus caminhos, diz o Senhor.
Porque,
assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais
altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os
vossos pensamentos. Porque, assim como a chuva e a neve
descem dos céus e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir e
brotar, para que dê semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim
vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei. (Is 55:6;11)
Encerro
cantarolando em minha mente as mesmas palavras com as quais iniciamos este
extenso e libertador desabafo, uma canção que aprendi na amarra, e que quando
canto, canto quase parando, sem força e vigor, mas então a gente lê a palavra e
com ela aprende a fazer a oração que encerra o texto do Salmo 119, salmo esse
que para ler do começo ao fim, precisamos do mesmo vigor que tivemos para
chegar ao fim destas palavras que aqui o
Espírito de Deus
me conduziu a escrever.
Desgarrei-me
como ovelha perdida; busca o teu servo, pois não me esqueço dos teus
mandamentos.
(Sl
119:176)
Oro
para que o Senhor te busque e te coloque de volta na direção de sua vontade.
Ore comigo!
Se você chegou até aqui, não saia sem deixar um comentário abaixo!
Deivid
Liberto