sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Cuidado para não estragar sua vida


“[...] vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, “remindo o tempo”, porquanto os dias são maus”. (Efésios 5.15-16).

Diariamente julgamos que algumas pessoas têm mais beleza do que outras; que outros têm talento acima da média; também é sabido que alguns têm mais oportunidade ou condição social melhor do que outros, alguns mais recursos financeiros, em diversas coisas e áreas da vida, alguns mais e outros menos, porém existe algo que independente de esforços, status ou de qualquer outra condição, é universal e distribuído a todos diariamente da mesma forma e proporção. Já conseguiu desvendar do que se trata?



O Tempo, o único ativo que é igual para todos na face da terra e nivela a todos. Quer seja na vida profissional, estudantil ou até mesmo em nossas relações sociais, o tempo deve ser utilizado com sabedoria e prudência, pois assim como um rio que segue seu percurso, toma seu caminho, e não retorna devolvendo suas águas à sua nascente, assim também é dinâmica do tempo, o que passou, passou, não volta mais.
Uma das perguntas que mais se ouve na contemporaneidade é: “Não tenho tempo”, mas como vimos anteriormente, cada um de nós recebemos diariamente a mesma quantidade. Por que é então que alguns conseguem administrar melhor a sua porção?
Apesar de ouvirmos costumeiramente a frase: “Tempo é dinheiro”, precisamos entender que tempo é uma “questão de vida”, e como o tempo perdido não se pode ter de volta, temos a sensação de ter perdido vida ao perceber que gastamos tempo com algo que não lhe trouxe benefício algum. Isso se dá pelo fato de que muitas vezes não valorizamos o tempo, menosprezamos seus marcadores e suas frações, não conseguimos enxergar a importância de cada milésimo de segundo, e para entender estes valores, basta tomar ciência dos fatos abaixo que conseguirá aferir o valor de cada divisão de tempo que fazem parte de nossas rotinas:

Converse com um colega seu que foi reprovado e saberá o valor dos mais de 360 dias de um ano, ou pode ser até que essa sensação faça parte de sua vida; bata um papo com uma mãe, ao qual teve um bebê que nasceu prematuramente e entenderá a importância de um mês. Quanta diferença nos cuidados e apreensões faria mais um mês de gestação, tanto para a mãe como para a criança; fale com o editor de uma revista semanal e irá notar como ele valoriza cada fração de tempo de uma semana, pois o ciclo se fecha e se repete com uma enormidade de trabalho a ser realizado dentro de tão pouco tempo; tenha um diálogo com uma diarista que depende do salário daquele de um dia para colocar comida na boca dos filhos. Se ela perde esse dia, não recebe o seu pagamento; pense em como uma hora passa de pressa quando você está com a sua namorada, ou como ela demora a chegar, quando você a está esperando em um encontro marcado; não interrogue ninguém que perdeu um voo ao chegar “apenas” um minuto após a porta de embarque ter fechado, pois você poderá ser surpreendido com tamanho irritação. Por fim, para aferir o valor de um segundo faça uma entrevista com algum atleta que deixou de ganhar o primeiro lugar por que o oponente chegou “apenas” um segundo na frente dele, ou até com uma fração decimal, centesimal, ou milésima de um segundo.

Precisamos a cada instante nos conscientizar de que o valor que damos ao tempo presente, a forma com a qual nos relacionamos com ele e as ações que tomamos pode e irá definir as consequências no tempo futuro, pois tempo perdido se transformam em oportunidades perdidas.
Você sabia que algumas pessoas passam horas navegando na internet, em redes sócias, em comunicações sem valor e qualidade e quando percebem já perderam 20 minutos, ou até mesmo algumas horas sem perceber o tempo em que ali ficaram e somente ao final se dão conta gastaram tempo com futilidades, ao passo que poderiam ter eliminado atividades que ainda terão que dedicar tempo? Desperdiçamos tempo de várias outras formas, com as mais diversas distrações, com as mais variadas atividades, perdendo o foco do que de fato deveríamos estar dedicando esforços, e isso vale até para o tempo de descanso, pois com a desorganização de nossas rotinas, não cultivamos tempo apropriado para o sono, e no dia seguinte, tudo vai de mal a pior.
Cada uma dessas situações significa perda de tempo, e assim você vai desperdiçando a vida, mesmo se se enquadra minimamente em alguma delas. Você pode ir até se enganando, achando que está aproveitando o tempo, aproveitando a vida, em coisas que não constroem, mas antes que você se aperceba, pode esbarrar na expressão inevitável e imutável: “Game Over”! A brincadeira um dia termina e a conta do pedágio pode ser alta demais e impagável.
Mas saiba que quando falamos de “não perder tempo”, não estamos dizendo que todo lazer é perda de tempo. Muito pelo contrário, dentre as diversas possibilidades que temos na vida, o lazer é o que temos de melhor, Deus nos proporcionou essas experiências, porém, há um fator decisivo para que consigamos administrar todas as nossas relações e dedicar o tempo apropriado a família, os cuidados pessoais, amigos, profissão, estudo e etc., e este fator é o que chamamos de “prioridade”, pois em cada fase de nossas vidas, nossas prioridades se alteram de acordo com as decisões que tomamos e com isso tendemos a dedicar tempo a aquilo que nos é prioritário. A questão é que não podemos transformar a diversão na prioridade de nossas vidas e muito menos nos deixarmos levar pela dissolução social e moral.

Resgatando o tempo

Frequentemente falamos sobre “falta de tempo”, “perder tempo”, “gastar tempo”, “passar o tempo”; mas você já ouviu falar de se resgatar o tempo? A princípio precisamos identificar quem ou o que nos está roubando o tempo. Faça a sua própria relação relacionando as coisas que estão subtraindo o tempo de sua vida.
Resgatar o tempo foi uma expressão utilizada pelo apóstolo Paulo quando inocentemente foi preso, onde soubera muito bem o valor do tempo e o quanto custava perdê-lo. O mesmo escreveu as seguintes palavras: “[...] vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, “remindo o tempo”, porquanto os dias são maus”. (Efésios 5.15-16).
A expressão remir, significa exatamente “resgatar” e Paulo a usa com sabedoria, pois a todo momento estamos rodeados de salteadores que nos sequestram o nosso tempo, e sabemos que tempo é vida, e se algo ou alguém está sequestrado seu tempo, este tem sequestrado sua vida e tem você como refém e o preço do resgate é a sua conscientização da importância do tempo, a coragem para tomar decisões importantes, a adoção de uma perspectiva de vida fundamentada na verdade, a percepção de que a vida não pode ser desperdiçada.
O texto também nos orienta quanto a questão de andar de forma prudente como pessoas sabias, ou seja, tomar decisões acertadas, fazer o máximo possível para agir, diante das diversas ofertas da vida, com sabedoria, pois as decisões erradas, podem acarretar não somente em pequenas surpresas negativas, mas como também em grandes consequências ruins, pois os dias são maus.
Precisamos ter consciência disso e tomar cuidado para não estragar nossas vidas, preservando o tempo, valorizando o tempo e restando o tempo que nos é roubado pelas várias distrações da vida. Salamão, o grande sábio, nos alertou a lembrar de Deus, ainda nos dias de nossa juventude (Eclesiastes 12.1) e recomendo que o faça ainda hoje através de seu filho Jesus. Através dele, temos acesso ao Criador e Ele pode nos dar a direção de quais caminhos trilhar, pode nos dar condições de tomar as decisões acertadas e a cuidar para que seu tempo não seja sequestrado e se for, que você tenha condições de remi-lo. Ele pode abençoar os seus passos na direção de uma vida proveitosa. Não perca mais tempo, não estrague sua vida!
Que Deus te abençoe!

Resumo de um dos textos da série: “Dialogando com o jovem universitário” lançado em fevereiro de 2016 pela Universidade Presbiteriana Mackenzie dedicado aos alunos da universidade.
Texto: Tempo Perdido: Cuidado para não estragar sua vida
Autor: F. Solano Portela
Resumo: Deivid Liberto

terça-feira, 8 de novembro de 2016

A preciosidade do tempo - A história do bebê Isaac Joseph Schmall

A realidade é que o tempo é tão precioso que uma vida que dura quatro minutos pode ter um impacto fenomenal em inúmeras pessoas. Isso aconteceu com o bebê Isaac Joseph Schmall, que nasceu em 10 de novembro de 2008. Seus pais sabiam que a gravidez era problemática. O bebê Isaac tinha uma doença rara chamada Trissomia 18, ou Síndrome de Edwards. Isso quer dizer que em cada célula do seu corpo ele tinha uma cópia extra do 18º cromossomo. Três cromossomos, em vez dos dois existentes em uma concepção e desenvolvimento normal. Bebês com essa deficiência geralmente não sobrevivem o período de gestação, alguns falecem após o parto.

Isaac morreu 4 minutos após o nascimento. Seus pais o tiveram em seus braços nesse curto período de tempo. John Schmall, o pai, descreveu o impacto da notícia, as agruras do acompanhamento da gravidez, e, principalmente, a emoção de tê-lo nos braços por aquele pequeno espaço de tempo em um texto que tem rodado a Internet: “Quatro minutos que mudaram a minha vida para sempre”! John descreveu como esses quatro minutos mudaram a sua perspectiva de vida dali em diante. Mais recentemente, em 2013, sua esposa indicou o efeito causado nela por aqueles minutos e por aquela pequena vida, com um longo texto, publicado no blog do esposo. Nele ela escreveu:


Isaac viveu por quatro minutos, mas o impacto que ele causou nesse espaço de tempo é palpável. Deus me deu 35 anos de vida. Isso faz com que eu queira extrair o máximo desses anos. Desperto todos os dias agora e agradeço a Deus por me dar mais um dia de vida, no qual posso desfrutar de minha família, do meu trabalho, da minha igreja, de minha cidade e, principalmente, do meu relacionamento com Ele.

O relato dos pais de Isaac tem tocado vidas ao longo dos anos e canalizado recursos e esforços para a Fundação Trissomia 18, que estuda a enfermidade. O valor que eles conseguiram enxergar nesses 4 minutos de vida é um testemunho à preciosidade do tempo.

Normalmente não damos muito valor ao tempo, ou aos seus marcadores: segundos, minutos, horas, dias, meses, anos. Vamos levando a vida sem pensar nessa questão, até como se fôssemos viver para sempre. Mas cada intervalo de tempo tem um valor inestimável. Reflita:


Para aferir o valor de um anopergunte a um colega seu que foi reprovado – ou pode ser até que essa sensação faça parte de sua vida. Tudo que aconteceu durante todo um ano que passou, terá que ser repetido, para que a vida estudantil continue, mas o tempo aplicado não será recuperado.

Para aferir o valor de um mêspergunte a uma mãe de um bebê que nasceu prematuramente. Quanta diferença nos cuidados e apreensões faria mais um mês de gestação, tanto para a mãe como para a criança.

Para aferir o valor de uma semanafale com o editor de uma revista semanal. Note como ele valoriza cada fração de tempo daquela semana, pois o ciclo se fecha e se repete com uma enormidade de trabalho a ser realizado dentro de tão pouco tempo.

Para aferir o valor de um diafale com uma diarista que depende do salário daquele dia para colocar comida na boca dos filhos. Se ela perde aquele dia, não recebe o seu pagamento.

Para aferir o valor de uma horapense como ela passa rápido quando você está com a sua namorada, ou como ela demora a chegar, quando você a está esperando em um encontro marcado.

Para aferir o valor de um minutopergunte a alguém que perdeu um voo porque chegou “apenas” um minuto após a porta de embarque ter fechado.

Para aferir o valor de um segundopergunte a algum atleta que deixou de ganhar o primeiro lugar por que o oponente chegou “apenas” um segundo na frente dele, ou até com uma fração decimal, centesimal, ou milésima de um segundo. 


Leia Eclesiastes 3

(Trecho do Texto de F Solano Portela, extraído do livreto "Tempo perdido: Cuidado para não estragar sua vida" lançado em 01.02.2016, pela Chancelaria da Universidade Presbiteriana Mackenzie)






quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Pensei em desistir, mas soberana é a vontade de Deus


“E quase parando, sem força e vigor, a gente lê a palavra, e encontra bastante poder pra vencer e continuar a jornada” (Armando Filho)

Inexperiente no violão, mas cheio de vontade e prazer em toca-lo, ouvir seu som, poder tocar e cantar, confesso que já embarquei em algumas enrascadas nessas minhas ousadas investidas musicais.
Sempre admirei meus amigos, desde a época da escola, no ensino médio, que tinham tal habilidade, vez ou outra algum colega posava de violeiro na intenção de conquistar a atenção das garotas. Posteriormente essas experiências se tornaram mais frequentes com os amigos da igreja, que aliás, sempre torcia para que em algum de nossos encontros, algum violão pudesse estar presente para que eu ali ficasse, ouvindo, admirando, cantando e claro, desafinando.
Pois bem, tempos depois me aventurei em aprender o instrumento e confesso que pelo tempo que já se passou, eu poderia ter me dedicado mais e conquistado lugares mais altos no que se diz respeito a habilidade e técnica para o negócio. Me arrisquei participando de bandas, tocando nas rodinhas com os amigos, sem falar nos encontros familiares em que varávamos a noite com apenas Dó e Sol maior para qualquer canção.
Me recordo frequentemente das vezes em que me preparava para os eventos da igreja onde nos reuníamos para orar durante a madrugada. Eu me antecipava treinando aquelas 3 ou 4 músicas de sempre e seguia, como sempre preparado para tal. Confesso que sempre temia que me pedissem para tocar alguma que estivesse fora de meu roteiro de todos os encontros de oração. E não dava outra, das músicas que eu me preparava durante umas duas semanas, aproveitava com tranquilidade só a primeira, pois as demais quase sempre eram “puxadas” por alguém no meio da escuridão e o “se vira nos 30” começava.
Confesso que ao mesmo tempo que era desesperador não saber que acorde encaixar a cada frase cantada, foram também experiências que me ajudaram a trabalhar a capacidade de improviso e apurar sensibilidade musical aos ouvidos, pois lá para o final de cada música eu acabava descobrindo um ou outro acorde que pudesse se equilibrar ao coral de vozes que seguia cantando sem dificuldades.
Entre essas experiências valiosíssimas que tive, aprendi uma canção que sempre me vem a mente, música antiga, lançada em 1995 pelo cantor e compositor pernambucano Armando Filho, intitulada “Nenhuma condenação há”. De forma geral, a música tem boa letra, com fundamentação bíblica coerente (Rm 8:1), com uma aparente marca do triunfalismo que reina nas músicas cristãs contemporâneas, porém a simplicidade e a verdade transmitida me fazem olhar com bons olhos, ou melhor, ouvir bom ouvidos.

Vez ou outra me pego cantarolando um trecho da canção, principalmente em momentos que refletem exatamente o que o inicio da frase expõe: “E quase parando sem força e vigor, a gente lê a palavra e encontra bastante poder pra vencer e continuar a jornada”.
Essa, talvez, é a frase que me fez incluir essa canção em minha playlist de músicas preferidas, mesmo que, em se tratando de gênero musical, ela seja totalmente o avesso do que costumo ouvir, tocar e cantar. Aliás, bota avesso nisso!
A frase em questão expressa muito bem uma verdade presente em minha vida, que é o poder de restauração que a palavra sempre me proporciona, verdade essa que não me é exclusiva, mas que como parte da graça comum de Deus, está disponível a todos e é a revelação especial do Criador aos homens. Ela tem esse poder transformador, de que quando rendidos a ela, nos faz ouvir a voz do Senhor, e olhando para Ele percebemos e temos a certeza de estar cercado das infinitas misericórdias do Senhor. Eu que em outras épocas já tive muitas dificuldades em compreendê-la, me afastava mais e mais a cada leitura sem compromisso com sua autoridade. Hoje, porém, encontro nela refúgio, consolo e confronto, afinal, para onde ou quem eu poderia me lançar, que me possa dar vida em meio a essa turbulência que é a vida (Jo 16:33) a não ser nas palavras de vida eterna do Deus eterno (Jo 6:68) reveladas nas sagradas escrituras.
Mas nem sempre é tão simples quanto parece ser, poderia, mas não é. É fato que quando alguém chega ao status de “e quase parando, sem força e vigor”, o estrago pode ser preocupante. A capacidade de tomar ciência da realidade, encarar os problemas a fim de converte-los, muitas vezes nos falta, pois nem sempre queremos levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima e o passo seguinte, quase sempre é a desistência.
Certa feita, uma de minhas filhas, a primogênita, veio ao meu encontro com muita empolgação tendo em suas mãos, uma bíblia, que foleando sem parar, estava à procura de um versículo que havia dito ter decorado. Após alguns minutos de busca, me entrega o texto para que eu pudesse conferir se de fato ela havia decorado, e assim, parada em minha frente, após respirar bem fundo ela declama:

-Escondi a tua palavra em meu coração para não pecar contra Ti. Salmos cento e dezenove, versículo onze.

Acertei? Perguntou ela com o sorriso de orelha a orelha. Naquele instante, eu só soube retribuir o sorriso, mas pouco a pouco pude compreender o significado daquelas palavras e o efeito causado em meu ser.

O ponto aqui é que busquei e busco, nos dias maus e bons, me alimentar de Deus, de sua presença, de sua essência, de sua voz, através de sua palavra, como na orientação do segundo versículo do primeiro Salmo, tenho prazer, e nela medito de dia e de noite, e tendo ela guardada em meu coração, aquele passo da desistência recua e me vem ao encontro histórias que li, de homens que em tempos, ocasiões e maneiras diferentes vivenciaram situações em que experimentaram a insistência de Deus em suas vidas, provando de sua maravilhosa graça, aos quais aqui, quero citar e te fazer lembrar, que os propósitos de Deus fazem parte de uma dimensão muito além de nossa vontade, e que Ele é soberano sobre todas as coisas. Todas as coisas!

Antes de dar início a um mergulho nas escrituras, quero citar que recentemente, em uma conversa a cerca de alguns textos bíblicos ouvi um comentário que me fez refletir e repensar algumas convicções. A questão girava em torno da conversa de que Deus respeita nossas decisões e que se o rejeitarmos em alguma missão, Ele usa outra pessoa a fim de cumprir seus propósitos, pois ninguém pode ser insubstituível. Mas o fato é que, entre os homens que quero lhe apresentar, percebi exatamente o contrário.

Vamos começar por Moisés, o hebreu protagonista do livro do Êxodo, liderando a nação de Israel rumo ao fim da escravidão imposta pelo Egito. Foram mais de 400 anos insuportáveis de sofrimento. A história é incrível e Moisés é o personagem convocado para encabeçar tal evento, mas essa não era bem a sua vontade. Recomendo que tenha acesso ao texto bíblico e acompanhe a narrativa. Vamos começar por Êxodo capítulos 3 e 4.
Após ter fugido do Egito por conta de uma ocorrência que o deixa vulnerável, correndo riscos de perder a vida, Moisés agora reside em Midiã, casa-se Zípora (Ex 2:21) filha de Jétro, e passa a ajudar nos negócios da família. Indo para trás do deserto, apascentando as ovelhas do rebanho de seu sogro, chega a horebe, o monte do Senhor (Ex 3:1). Ali se espanta ao perceber um punhado de gravetos que ardendo em chamas não se consumia, e dali, no meio da tão famosa “sarça” Moisés tem um diálogo com o Deus de seus pais (Ex 3:6). A proposta do criador é a ele apresentada e pasmem, ele rejeita de cara.

Então Moisés disse a Deus: Quem sou eu, para que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel? (Êxodo 3:11)

A conversa continua, Deus conta em detalhes o dali em diante aconteceria, como seriam as tratativas com o faraó, como Ele mesmo tendo Moisés como seu representante estaria no controle da situação, Moisés faz alguns questionamentos, Deus continua a dar detalhes e como reverteria as objeções apresentadas por ele. Enquanto todo esse diálogo acontecia, fico eu pensando que tipo de desculpas passou pela cabeça de Moisés para tentar se livrar de tal responsabilidade, e convenhamos, uma baita responsabilidade, de fato, teria que ter muito “peito” para encarar tal demanda. E eis que Moisés, lá pelas tantas, investe em mais uma desculpa:

Então disse Moisés ao Senhor: Ah, Senhor! eu não sou eloquente, nem o fui dantes, nem ainda depois que falaste ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua. (Êxodo 4:10)

Consegue imaginar Deus criador dos céus e da terra irritado? Eu não consigo, mas o fato é que a coisa ficou estreita, e ainda assim, caso continue a leitura do texto verá que Moisés segue a recusa, até que Deus indica Arão para que fosse o porta-voz do até aqui não queria se meter no meio dessa história (Ex 4:14).
Mas não deu outra, avance um pouco mais adiante até o capitulo 14 e veremos Moisés, que outrora não queria se expor, nem ao menos falar diante do povo, a plenos pulmões, num processo de argumentação e convencimento com os incrédulos hebreus que desejavam retornar ao Egito, mesmo antes de ter dali escapado. Apenas se lembre que essa evolução vem como consequência da insistência do criador em permanecer com Moises como o líder desta missão, mesmo após tantas recusas.

Outro personagem que aqui merece ser destacado é Elias, o grande profeta de Israel e defensor da fé no Deus vivo. Vejamos algumas das experiências que esse homem teve em sua trajetória inicial:

·         Anuncia ao rei Acabe o período de seca (1Rs 17:1);
·         É alimentado milagrosamente por corvos em uma espécie de delivery de dia e de tarde (1Rs 17:6);
·         É sustentado pela viúva de Sarepta conforme prometido por Deus (1Rs 17:9);
·         Atua no milagre da multiplicação da farinha e azeite (1Rs 17:16);
·         Intercede a Deus e o filho da viúva torna a ter vida (1Rs 17:22);
·         No Monte Carmelo desafiou e venceu os 450 e profetas de Baal vendo o fogo de Deus descer do céu (1Rs 18:20;40);
·         Ao perceber uma minúscula nuvem no céu entende que viria uma grande chuva enviada por Deus (1Rs 18:41;46).

Que magnifico, quantas experiências incríveis, que exemplo de ousadia, intrepidez e cá entre nós, que coragem ao desafiar 450 homens “sozinho”, sem interrogar a Deus solicitando ajuda de outros que pudessem estar ao seu lado. Grande contraste com aquele Moisés fujão, inseguro, que inicialmente se acovardou diante de suas limitações, tentando escapar da missão que Deus havia de entregar em suas mãos.
Até então, Elias nos é apresentado como alguém impecável, pois temos uma sequência de relatos caracterizados por uma ordem da parte de Deus, seguida da obediência da parte de seu servo, concluindo com o agir de Deus emplacando sua grandeza, poder e glória.
Mas em meio a tudo isso, algo muito intrigante nos é apresentado na narrativa bíblica. Elias nos surpreende, diante do fato em que o rei Acabe compartilha tudo o que havia ocorrido no Monte Carmelo com sua esposa, a Rainha Jezabel, e como matara a espada os profetas (1Rs 19:1). Jezabel por sua vez, se revolta contra Elias e o ameaça de morte, pois os profetas que Elias havia eliminado faziam parte de seu exército (sugiro que leia os capítulos anteriores para entender melhor este contexto). Elias imediatamente foge para o sul escapando das mãos de Jezabel, co medo, caminha durante todo o dia pelo deserto, e cansado toma assento debaixo de um arbusto, abatido, entende que é o seu fim e deseja morte.

Ele, porém, entrou pelo deserto caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, dizendo: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais.” (1Rs 19:4)

Estamos diante de um homem que a pouco seguia por caminhos sempre direcionados por Deus, e agora, sem consulta-lo, sai em fuga, sem destino, sem propósito e então, sem chão, extremamente decepcionado, conclui que diante de tal dificuldade, o que lhe resta agora é morrer.
Aquela depressão fez com que Elias mergulhasse em um complexo de inferioridade e o fez esquecer, que seu Deus era maior do que qualquer afronta ou dificuldade. Dali após, ao ser alimentado por Deus, reencontra forças e caminha durante 40 dias e noites até chegar ao Monte Horebe, por curiosidade, o mesmo monte que Moisés recebe o chamado do criador (1 Rs 19:8). Nas cenas seguintes, vemos mais uma vez a misericórdia de Deus agindo na contramão das vontades de um homem. Então, motivado por Deus e atraído por sua presença, sai da caverna e retorna ao seu caminho em busca de um sucessor e de profetizar aos reis de Israel a fim de os converter da idolatria a outros deuses.
E assim sucedeu até o dia em que foi arrebatado aos céus numa carruagem de fogo (2Rs 2:11). Mal sabiam os que presenciaram todas estas coisas, que ainda a pouco, este homem estava na pior, desejando a morte.
Sugiro que se aprofunde na leitura do livro dos reis para que compreenda com mais clareza os detalhes da vida e ministério de Elias e também seu sucessor Eliseu.

Seguiremos nosso exame, a partir da experiência de um outro profeta do antigo testamento ao qual imagino que possa ter passado pela sua cabeça que se enquadraria no contexto até aqui exposto, porém, digo isso pressupondo que você já tenha lido os quatro capítulos que narram essa história e caso não o tenha feito, sugiro que posteriormente dedique um tempo nesta leitura, são apenas 48 versículos. E se ainda não chegou à conclusão de quem seja, te exponho, falaremos agora do profeta Jonas, que embora anteriormente eu tenha denominado Moisés como um “fujão”, o desclassifico e dedico este título, literalmente ao tão famoso profeta Jonas.
Eis aqui, talvez o caso mais explícito no que se refere a soberania de Deus versus a vontade do homem. Jonas recebe a missão de pregar em Nínive, mas imediatamente tenta uma fuga para outro local. Nínive era a capital da Assíria, e na ocasião, os assírios eram inimigos da nação de Israel. O texto não nos deixa claro os reais motivos pelos quais Jonas não queria pregar para aquela gente, mas implicitamente entenderemos que ele conhecia, e bem, o Deus a quem servia, embora tenha cometido o erro de subestima-lo. Mas, conhecendo a sua graça, era sabido por ele que Deus estava prestes a perdoar os pecados de um povo inimigo, e não queria isso de forma alguma, ao ponto de embarcar em um navio com destino à Társis (Espanha).

Jonas, porém, levantou-se para fugir da presença do Senhor para Társis. E, descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, da presença do Senhor. (Jn 1:3)

Há 3 momentos que quero chamar a atenção neste evento que nos revelam o nível de insatisfação de Jonas em relação a seu ministério, e até mesmo com sua própria vida.

1º – O primeiro se refere a algo que aqui já foi citado, Jonas, profeta de Israel, toma uma decisão radical ao contrariar a direção que Deus havia dado a ele. Na prática, Jonas estava desistindo do chamado profético e da responsabilidade que Deus dera a ele como anunciador da voz divina em seus dias. Jogou tudo para o alto. Sabe-se lá para onde iria, por quanto tempo, ou até mesmo se tinha intensões de voltar.

2º – Em meio a viagem, uma tempestade enviada por Deus coloca em risco a vida de todos os tripulantes, que inclusive lançaram ao mar a carga que ocupava o barco, a fim de diminuir os riscos e oravam cada um ao seu deus na esperança de que os fossem revelados as causas de tal tempestade (Jn 1:5). Jonas, por sua vez, encontra um lugar para repousar e cai no sono. Quando acordado pelo líder da embarcação, é repreendido por não estar em oração como os demais. Após ser colocado contra a parede (Jn 1:6;8), Jonas expõe os fatos que o levaram até ali e o motivo da tempestade. E então, crendo que estava no controle da situação, Jonas decide dar cabo da própria vida, orientando-os que o jogassem no mar, para que a tempestade não destruísse o barco. Era o fim da linha para o então profeta em fuga, seus planos haviam literalmente ido por agua abaixo. Após desistir do chamado, Jonas se vê sem saída, e sua vida passa diante de seus olhos, só que debaixo d’agua.

Respondeu-lhes ele: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade.(Jn 1:12)
Então levantaram a Jonas, e o lançaram ao mar; e cessou o mar da sua fúria.(Jn 1:15)

3º – Os capítulos 2 e 3 revelam uma realidade oposta as até aqui apresentadas. Temos agora um Jonas arrependido, que em clamor por misericórdia é poupado por Deus através de um inusitado plano de resgate. Jonas passa 3 dias e noites nas entranhas de um grande peixe, e de lá faz uma das orações mais emocionantes de toda a narrativa bíblica, que não deixarei de inserir neste presente texto.

Na minha angústia clamei ao senhor, e ele me respondeu; do ventre do Seol gritei, e tu ouviste a minha voz. Pois me lançaste no profundo, no coração dos mares, e a corrente das águas me cercou;
todas as tuas ondas e as tuas vagas passaram por cima de mim. E eu disse:
Lançado estou de diante dos teus olhos; como tornarei a olhar para o teu santo templo?
As águas me cercaram até a alma, o abismo me rodeou, e as algas se enrolaram na minha cabeça.
Eu desci até os fundamentos dos montes; a terra encerrou-me para sempre com os seus ferrolhos; mas tu, Senhor meu Deus, fizeste subir da cova a minha vida.
Quando dentro de mim desfalecia a minha alma, eu me lembrei do Senhor; e entrou a ti a minha oração, no teu santo templo.
Os que se apegam aos vãos ídolos afastam de si a misericórdia. Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz de ação de graças; o que votei pagarei. Ao Senhor pertence a salvação.
(Jn 2:2;9)

Essa oração retrata de forma inimaginável a oração de muitos homens e mulheres de Deus por toda a parte do mundo. Que filho de Deus nunca se viu mergulhado, tragado pelas aflições deste mundo (causadas por nós mesmos)? E então clamando, experimenta a maravilhosa graça de Deus, segurando em suas mãos que se estendem a nos socorrer, e assim, respira o alívio de viver mais uma vez (nova vida), e viver em sua presença, por causa de sua misericórdia e graça.
Após o ocorrido, Jonas então é devolvido, através do agir sobrenatural de Deus para o seu destino original. Nínive recebe a profecia através da boca do profeta, se arrependem e recebem o perdão de Deus. Até aqui, tudo parecia ter sido resolvido com Jonas, afinal, experimentou o sabor da morte em meio a um quase que inevitável afogamento e pode ser agraciado com o consolo de poder respirar novamente a vida para o cumprir da vontade de Deus. O texto anuncia que em Nínive haviam mais de 120 mil pessoas que pela pregação de Jonas foram poupadas da destruição, e Jonas simplesmente se revolta contra Deus e, pasmem mais uma vez, por acontecer aquilo que previa e que o fez embarcar em fuga, Jonas pede a Deus que tire sua vida, pois acredita ser melhor não existir do que ter que conviver com a ideia de que um povo inimigo tenha sido agraciado por Deus por causa de sua pregação.

E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso é que me apressei a fugir para Társis, pois eu sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal. Agora, ó Senhor, tira-me a vida, pois melhor me é morrer do que viver. (Jn 4:2,3)

Em nossos dias, pregadores vibram ao testemunhar apenas uma pessoa que aceita a palavra e passa a viver debaixo da graça e misericórdia de Deus, pois há festa nos céus quando um pecador se arrepende (Lc 15:7,10), não é mesmo?!
A pregação de Jonas, foi simples e direta, pois entrando pela cidade, ao longo de um dia, anunciou: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.(Jn 3:4), e isso bastou! Como que em efeito dominó, toda a cidade foi atingida pelas palavras proclamadas pelo profeta então arrependido e todos entraram em concerto com o criador. Na contemporaneidade, o pregador exclamaria: “-É pra aplaudir de pé!”
O capitulo 4 de Jonas encerra com mais uma lição extraordinária de Deus para com o profeta, mais uma experiência prática e uma atitude divina em favor de o levar para o centro de sua vontade. Se ainda não leu, te desafio.
Há uma característica muito marcante em nossa geração onde as pessoas são facilmente encaradas como substituíveis. Em suas mais variadas áreas, como nas relações profissionais, conjugais, nas amizades, nos convívios sociais, ministeriais e afins, temos a facilidade de desistir das pessoas diante das objeções ou problemáticas que as mesmas impõem sobre essas relações. Dedicamos o mínimo de esforço pelo fato de saber das diversas opções que teríamos e que não encontraríamos resistências em cumprir com alguma missão especifica. Em outras palavras, estando no lugar de Deus, não teríamos Moisés, Elias e Jonas como personagens centrais das histórias que por eles foram protagonizadas, pois certamente encontraríamos outros que nos apresentariam uma melhor disposição para cada uma das situações vividas por eles. Ouso ainda mencionar o fato de que muito provavelmente, nem o elegeríamos para tais missões, quanto menos contornar suas objeções e insistir em suas vidas.
Poderíamos estender ainda mais a lista de cases bíblicos, pois muitos outros personagens, de maneiras, ocasiões e motivos diferentes, testemunharam da soberana vontade de Deus. Além de Moisés, Elias e Jonas, o Senhor não desistiu de Abraão quando mentiu por causa de Sara; não desistiu de Davi quando adulterou e planejou a morte de um homem; não desistiu de Jeremias que se viu sem competências para exercício profético; não desistiu de Pedro que o negou três vezes; não desistiu de Saulo quando perseguia a sua Igreja e tantos outros inúmeros casos.
Poderia eu comentar aqui também, minhas experiências pessoais, as que já ouvi e testemunhei, mas creio que você já teve argumentos o suficiente, e o que eu acrescentar daqui por diante te aumentaria ainda mais a exaustão, portanto, vamos findar o assunto.
Quando penso em desistir, ou as ocorrências da vida se encarregam de me conduzir para este caminho, lembro do que tenho guardado em meu coração, por isso fiz questão de citar o versículo decorado por minha filha (Sl 119:11), pois sendo assim, tendo construído moradia para a palavra de Deus em meu interior, quando penso em desistir, as histórias das experiências vividas pelos personagens aqui expostos despertam e me fazem saber, que mesmo quando o pensar na desistência ultrapassar a barreira do agir, ali estará o Senhor, me tomando pela mão e me colocando de volta na direção de seus propósitos; não me conformarei com meus padrões e desejos e minha maneira tenderá a ser descartada e então lembrarei que sua vontade é boa e perfeita e me alegrarei (Rm 12:2).
O coração é o lugar mais próximo da mente, é o lugar mais seguro para armazenar os tesouros que Deus nos presenteia com sua palavra, e isso é o que pode nos trazer o equilíbrio perfeito entre emoção e razão, seguirei escondendo este tesouro em mim (Mt 6:21), para que no dia em que a vida me presentear com ciladas, eu possa me lembrar das palavras do profeta Isaías e mais uma vez deleitar na grandeza da soberana vontade do Senhor:

Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.
Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se ao Senhor, que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar.
Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor.
Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. Porque, assim como a chuva e a neve descem dos céus e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir e brotar, para que dê semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei. (Is 55:6;11)

Encerro cantarolando em minha mente as mesmas palavras com as quais iniciamos este extenso e libertador desabafo, uma canção que aprendi na amarra, e que quando canto, canto quase parando, sem força e vigor, mas então a gente lê a palavra e com ela aprende a fazer a oração que encerra o texto do Salmo 119, salmo esse que para ler do começo ao fim, precisamos do mesmo vigor que tivemos para chegar ao fim destas palavras que aqui o
Espírito de Deus me conduziu a escrever.

Desgarrei-me como ovelha perdida; busca o teu servo, pois não me esqueço dos teus mandamentos. (Sl 119:176)

Oro para que o Senhor te busque e te coloque de volta na direção de sua vontade. Ore comigo!

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Deivid Liberto